sexta-feira, 26 de outubro de 2001

ETAPA 3: CARTAXO - CALDAS DA RAINHA, 26AGO01


Fotos da Etapa

ETAPA N.º 3 ( ver website )

Entre: CARTAXO E CALDAS DA RAINHA

Data: 26 de Agosto de 2001


2. PARTIDA PARA A ETAPA

Local de Partida: Cartaxo-Largo da Praça de Touros, nas traseiras da estação dos Correios

Data / Hora:26 de Agosto de 2001 (Domingo) às 10h30m

3. DADOS SOBRE A ETAPA

Estado Meteorológico: Tempo seco, céu algo nublado pela manhã, sem vento, sem chuva, quente qb

Locais Percorridos: Cartaxo, Ribeira do Cartaxo, Santana, Vale de Santarém, Póvoa da Isenta, Ponte do Celeiro, Casal do Paul, Louriceira, Marmeleira, São João da Ribeira, Casais da Lezíria, Ribeira de São João, Anteporta, Casal da Castanha, Casais do Barreiro, Rio Maior, Freiria de Rio Maior, Senhora da Luz, casal do Brejo, Casal do Filipe, casal do Rei, Outeiro, Vila Nova, Malasia, Formigal, Imaginário, Belver, Lagoa Parceira, Caldas da Rainha

Concelhos percorridos: Cartaxo, Santarém. Rio Maior, Caldas da Rainha

Distritos percorridos: Santarém e Leiria

Tipos de Piso Percorridos: Plano, pistas principais compostos por terra batida e macadame, asfalto grande parte estradas secundárias.

Elementos do Grupo: 18 participantes: Paulo Ribeiro, António Quina, Miguel Ferreira (Trilho Livre) Pedro Roque, Pedro Brites, Mário Carriço, Jorge Cláudio, Pedro “Indy” Ribeiro, Rui Sousa (membros da V@), Virgílio Tonelo, Henrique Frazão, Rodrigo, Filipe, André, Paulo Gervásio, Nuno Paiva, Macedo Mota.

Quilometragem total: 67,17 km

Média Quilométrica: 17,07 km/h

Velocidade Máxima:59,19 km/h

Tempo Efectivo Deslocação: 4h40m06s

Cartas Militares n.º*:326, 338, 339, 352, 364 e 351.

4. CHEGADA E TRANSMISSÃO DE TESTEMUNHO

Testemunho Transmitido a: Mário Carriço EM:

Local de Chegada: Caldas da Rainha, Hospital Termal

Data / Hora de Chegada: 26 de Agosto de 2001 às 15h47m


5. RELATO DETALHADO DA INCURSÃO (sem limite de linhas):

COMEÇO

Deixando o largo excelentemente ajardinado da praça de touros do Cartaxo, seguimos por asfalto em direcção à Ribeira do Cartaxo, onde chegámos rapidamente devido à acentuada descendente.

Cruzámos a linha ferroviária de Santana e depois de uns metros sobre a bicentenária ponte rodoviária, abandonámo-la por um buraco na mesma e entrámos no “double track” que foi acompanhando a vala real da Azambuja. Foram aproximadamente 6 quilómetros, onde além do silêncio envolvente se pôde observar à nossa esquerda, imponente e altaneiro o palácio dos Chavões e mais à frente à direita e mais distante, a alta Quinta da Fonte Bela, onde consta, ainda existem os maiores tonéis de madeira do Ribatejo. Fomos seguindo rodeados pelos campos agrícolas de milho, tomate e alguns vinhedos.

FERROVIAS

Depois de passarmos sob a ponte ferroviária da linha do Norte no Vale de Santarém, subimos à ponte d´Asseca e mais à frente, já na estrada para a Póvoa da Isenta, entrámos no traçado original da ferrovia de Rio Maior.

Agora desprovida de carris, a então ferrovia trazia o carvão das minas de lignite de Rio Maior até ao Vale de Santarém, e daqui fazia a ligação à linha do Norte.

Desde o início do século até 1969, altura em que a mina foi desactivada, e por consequência, também a ferrovia, a Mina do Espadanal foi explorada em grande escala, marcando indelevelmente durante décadas o período mineiro de Rio Maior. De resto, a empresa mineira (EICEL), nos anos cinquenta e sessenta chegou a ter um ramal ferroviário privado até ao Vale de Santarém, para o transporte do carvão.

À medida que se ia pedalando, se olhássemos para o chão com atenção, ainda se podiam observar, semi- descobertas, algumas “chulipas” que suportavam os carris. Só assim se acreditava que íamos rolando por um caminho outrora pertença das locomotivas movidas a vapor.

Aliás, nesta fase inicial do nosso pedaleio pela antiga ferrovia, convinha mesmo ir olhando para o chão, devido aos profundos rasgos feitos pelos tractores e que convinha evitar para obstar dissabores É que, no Inverno , esta pista torna-se bastante barrenta, características típicas do «bairro» ribatejano, e depois quando seca, ficam marcados qual molde torto, os pneus das ditas máquinas agrícolas.

CABEÇOS E PAUIS

Passada esta fase mais complicada, seguimos, pois, por uma pista larga, plana e bastante rolante embora em certas zonas continuássemos a ser confrontados com o espesso canavial que em certos trechos se formava e que teimava em querer perturbar o nosso andamento.

Houve mesmo alguém que aventou a hipótese, de para a próxima trazer uma catana !!!

Teria dado algum jeito...

Ao longo do itinerário da via fomos sendo constantemente acompanhados à direita pelas zonas alagadiças e pantanosas como o Paul da Anana, de João Andrade e o das Salgadas e à esquerda, sobranceiros e altivos os cabeços como o da Ponte do Celeiro (que deu origem à aldeia com o mesmo nome), O Melim e o do Mata Quatro.

É neste último cabeço que fica assenta a aldeia do casal do Paul e é também aqui que se juntam, para formar a “Vala d´Asseca”, linhas de água baptizadas com o nome das vilas de onde procedem; “A ribeira de Alcobertas”, o “Rio Maior” e a “Ribeira de Almoster”.

Este “Cabeço do Mata-Quatro”. pelas suas características de posição altaneira, formou com as próximas da Ponte do Celeiro, da Ponte d´Asseca e a do Casal do Paul, importantes pontos, militarmente estratégicos, em algumas guerras como as invasões francesas (comandadas pelo General Massena), a guerra de 1834 (entre Miguelistas e Liberais) e a Patuleia em 1847.

Já junto à Louriceira, entrámos no desaterro que sustentava a massa de terra do cabeço . Nesta altura do ano, foi possível passar por aqui, mas no Inverno, a água desce do cabeço e no desaterro forma-se um enorme charco, piscina de girinos e cobras d´água.

Pergunto-me como é que o pequeno comboio passaria por aquele trecho nestas alturas invernais !?!

FIM DA FERROVIA

Foi assim que sem dificuldades, embora com inconstâncias de andamento , que chegámos ao local onde abandonávamos o caminho da ferrovia, pouco depois do Casal da Castanha. Não que o percurso original da ferrovia terminasse aqui, mas porque por circunstâncias várias, não é possível por ele continuar.

Entrámos então na movimentada estrada N114, por onde seguimos até a Rio Maior, chegando a esta cidade com 40 quilómetros ciclometrados.

PRIMEIRAS ASCENSÕES

Abandonámos Rio Maior e deixámos o asfalto junto a Freiria, enveredando pela várzea do tufo, rolando por caminhos que rodeavam os cabeços, tentando com esta gincana, evitar as ascensões que os mesmos ofereciam. Deu para observar um prédio de 3 andares no meio do mato !!!, onde várias famílias de etnia cigana vão habitando. Cruzámos várias ribeiras e regatos e o Rio Maior (ainda tão límpido nesta sua quase nascença que começa ali tão perto na Serra dos Candeeiros).

Entrámos novamente no asfalto, passando por baixo da ponte do IC2 e pelas pedreiras dos Casais da Serra. O pó que se podia observar e sentir é desagradável mas rapidamente chegámos a Senhora da Luz e pouco depois em Casal do Brejo, onde iniciámos a primeira ascensão digna desse nome.

MUITA FRUTA

Chegados ao Casal do Rei, enveredámos por um largo estradão em macadame que aguarda o tapete betuminoso (está lá uma improvisada caixa de esmolas para quem quiser contribuir para o alcatroamento !?!) e onde a velocidade aumentou. Mais um bocado de asfalto noutra estrada secundária e estávamos no alto do Outeiro. Aqui atingíamos o ponto mais alto de toda a jornada. Podendo-se do alto, observar, em pontos cardeais distintos, a lagoa de Óbidos e a Serra dos Candeeiros.

Lá continuámos rolando, novamente por macadame, mantendo-nos no vértice do Outeiro. Contornámos Vila Nova, evitando as subidas que ascendiam à vila e daí a pouco entrávamos no “reino da fruta !?!.” Nestas teras, o viajante, mais desprovido de alimentos, e que passe por estes caminhos em Julho e Agosto ,não passará fome pois pode encontrar ali ao lado, pêras e maçãs com fartura.

O trajecto foi continuando no seu carrossel rolante, onde a seguir às descidas se apresentava invariavelmente uma subida, mas com o embalo da anterior descensão a dificuldade era menorizada, até que...

A subida para a pequena Malasia, encontrava-se armadilhada !!!

É que, além de não ser antecedida de descida embaladora, a ladeira foi inclinando paulatinamente.

IMAGINE-SE !!

Descemos da Malasia por um inclinado, estreito e resvaladiço !?! alcatrão e um pouco à frente, já acompanhávamos a ribeira da Tornada. Para evitar ascendermos ao cabeço de Infantes, enveredámos por uma serventia, que se dirigia à ribeira mas onde o agricultor em certa parte, plantou abóboras ???

Plantar abóboras num caminho que está assinalado na Carta Topográfica ...

Imagine-se...

A partir daqui acabaram os caminhos sem piso alcatroado, continuámos pelo Formigal, fizémos a dolorosa e movimentada subida do Imaginário, onde já só “imaginávamos” as Caldas e depois da Lagoa Parceira, foi bater o record de velocidade máxima, na alucinante descida até às Caldas da Rainha.

Acabámos assim em ritmo vivo junto hospital termal e ao belo edifício onde se acomodavam os seus utentes vindos de zonas mais distantes.

Relator: Paulo Ribeiro

Nenhum comentário: