domingo, 29 de julho de 2001

ETAPA 2: MONSANTO (ALCANENA) - CARTAXO, 29JUL01


Fotos da Etap@

Etapa n.º 2

Entre: MONSANTO E CARTAXO

Data: 29 de Julho de 2001

2. PARTIDA PARA A ETAPA

Monsanto (Alcanena) junto à fonte do Pião

3- DATA/HORA: 29 de Julho de 2001 às 12h00

4 – DADOS SOBRE A ETAPA:

Estado meteorológico: Céu limpo, tempo seco sem brisa e com muito calor.

Locais percorridos: Monsanto, Olhos d’Água, Chã de Cima, Casais das Milhariças, Casais da Ferreira, Santos, Advagar, vale de Flores, Casais de São Braz, Azóia de Baixo, Portela das Padeiras, Santarém, (mercado municipal, Jardim EPC, Praça de touros) Omnias, Vale de Santarém, Santana, Ribeira do Cartaxo, Cartaxo, (Praça de touros)

Concelhos Percorridos: Alcanena, Santarém e Cartaxo

Distritos Percorridos: Santarém

Tipos de piso percorridos: Asfalto, e maioritariamente estradões largos, planos e rolantes tipo macadame

Participantes na etapa: António Quina (ROTWILD RCC01), Miguel Ferreira (TREK 8500) e Paulo Ribeiro (SCOTT G-ZERO STRIKE FX-1) - elementos do Trilho Livre.

Distância Percorrida: 54,75 Kms.

Média quilométrica: 17,26 km/h

Velocidade máxima: 71,26 km/h

Tempo em andamento: 3h28m

5 – CHEGADA:

Local: Cartaxo, junto à praça de touros

Data/Hora: 29 de Julho de 2001 às 17h50m


6 – RELATO DETALHADO DA INCURSÃO:

O ENCONTRO:

Três bicicletas montadas no tejadilho do Ford Fiesta e abalámos em direcção a Monsanto. Depois de um tempo perdidos no meio de Alcanena lá atinámos com a direcção a tomar para Monsanto. Algumas curvas depois lá vimos, junto à Fonte do Pião, o Pedro Brites e o seu companheiro de viagem.

O TESTEMUNHO

Retirámos as bikes da sua posição altaneira e depois das apresentações e cumprimentos da ordem, o Pedro lá foi explicando e mostrando como era o testemunho (símbolo desta nossa etapa V@).

Constituído por elo e meio de corrente e enganchado a uma roleta de desviador Shimano, totalmente gasto, este nosso símbolo, visto assim, pouco mais parece que um original porta-chaves...

No entanto, à medida que cada participante ou grupo for acrescentando o seu elo e meio com 3 cm, lá para a 30ª etapa já o testemunho medirá mais de 1 metro !!!

Tirou-se de seguida a foto que “testemunha a entrega do testemunho” e o Pedro acompanhou-nos até à entrada do nosso percurso.

ARTIGO PRIMEIRO

Desejando-se mutuamente boa viagem de regresso, separámo-nos e o Pedro relembrou-nos o primeiro artigo desta estafeta, e que a não ser cumprido desvirtuará todo o princípio daquela:

“O testemunho tem que seguir sempre de bicicleta”

HORA DE PONTA NOS OLHOS D`ÀGUA

Fomos então pelo caminho traçado pelo CNC e assinalado pelos pequenos marcos de betão onde está incrustado o azulejo do “Caminho de Fátima”.

Seguimos em direcção aos olhos d’água, a nascente do Rio Alviela, seguindo por caminhos largos de terra batida, maioritariamente a descer que nos levaram rapidamente até a uma estreita ponte já na nascente do rio , quando tínhamos feitos 2,57 km.

Aqui, junto a uma escarpada falésia, onde alguns treinavam escalada, preparou-se a máquina para nos tirar uma foto no modo automático. “Ready, Set, Go” e corro para junto do Tó e do Miguel contando os segundos pré -disparo...

Eis que então, se ouve uma viatura a dirigir-se na nossa direcção.

“- vai estragar-nos a foto”- pensámos.

Mas, subitamente, do lado oposto da ponte surge outro veículo que faz estancar o primeiro, evitando assim que este se interpusesse entre a máquina fotográfica e nós, estragando, por cosequência, a foto.

“-Bolas qu´isto já parece a hora de ponta em Lisboa”

Mas não será possível condicionar o trânsito naquele local ??

Será que a invasão motorizada não poupa nada ??

Ainda por cima, a estreita ponte, assim como o caminho que lhe permite o acesso, só dá espaço para um carro à vez. Escusado será dizer que naquele momento se assistiu a mais uma típica cena do comum automobilista português: “Eu não recuo, recua tu !!!”E por lá ficaram, abandonados por nós que queríamos naquele dia evitar carros ao máximo.

Em vão...

Parece que o pessoal decidiu todo vir para os Olhos d’água naquele quente dia de Domingo !!!

Fizemos uma pequena paragem debaixo de uma acolhedora sombra junto à margem do rio, rodeados pelas imensas pessoas que se deliciavam na água ou que dormitavam debaixo de uma qualquer árvore.

Ingerimos o nosso primeiro nutrimento, na forma de barra energética e sentimo-nos tentados a dar um mergulho nas apetecíveis e asseadas águas. No entanto, com apenas dois quilómetros de viagem feitos e com ausência total de subidas até então, ainda não dera para suar. De modo que lá prosseguimos, deixando o mergulho para uma outra ocasião que não há-de faltar.

A PRIMEIRA SUBIDA.

Saindo dos Olhos d’água, virámos à direita e fomos paulatinamente subindo pelo alcatrão mas com pouco, muito pouco tráfego. O pior era que o calor já apertava e do asfalto emanava um bafo, parecendo que por vezes alguém abria o forno !!!

Foram aproximadamente três quilómetros pedalando neste tipo de piso fabricado, até que o abandonámos enveredando por um estradão que seguia entre os olivais e pinhais (felizmente com pouco eucaliptal)

O ESPANTALHO

Justamente uns metros antes da entrada na aldeia de Chã de Cima, descortinámos, mo meio de um terreno, um espantalho assaz original: Montado numa bicicleta modelo pasteleira “single speed” lá estava compenetrado no seu papel de “assusta aves”, o original boneco. Como é evidente não deixámos de registar o momento na forma de retrato.

OS MOINHOS

Passámos por Chã de Cima, descemos um pouco por alcatrão e facilmente ascendemos ao trio de moinhos junto à mesma localidade. Os três artefactos já estão desactivados ou mesmo em ruínas, mas mesmo que estivessem em pleno uso, duvido que neste dia funcionassem: É que não soprava uma brisa !!!

Estávamos aqui com 9,53 Kms contabilizados e tirámos mais umas fotos que pudessem demonstrar a vista que do alto se tinha.

A descida que se seguiu em terra batida, apresentava alguma pedra solta, pelo que foi necessária alguma atenção, em especial nas curvas e contracurvas. Os meus “semi-slicks” então teimavam em querer derrapar nas alturas menos indicadas para tal.

NEVERENDING HILL

As localidades porque passámos a seguir, pareciam aldeias fantasma, pois por certo os seus habitantes encontraram sítios mais frescos para se protegerem da canícula. Foi assim em Casais das Milhariças e em Casais da Ferreira, respectivamente aos 11,16 km e 12,26 km. O que valia era que as dificuldades eram nulas, pois íamos rolando por pisos fáceis e planos sem problemas ascensionais...

Mas o que é bom sempre se acaba e a primeira subida, digna desse nome, da jornada mostrava-se à nossa frente...

Tem que ser, e o que tem que ser tem muita força !!!

Alguma força pensava eu.

Lá fomos subindo sobre a inclemência do calor, com as faces a ruborizarem-se. Pareciam achas na cara.

“- E a subida que nunca mais acaba, Talvez já a seguir àquela curva, Ainda não. Bolas, não vou olhar p´ra cima senão desmoralizo, baixa a cabeça e pedala. Oh crueldade, Oh sorte madrasta, mas porque é que eu me meto nisto, então não era melhor estar na piscina com um refrigerante na mão !?! Termina lá espécie de subida amaldiçoada pelo Demo. Senão terminas a seguir àquele gancho vou mas é desmontar e parar à sombrinha daquela árvore. Ah sombrinha tão bom que vai ser !!! Olha já terminou. Irra que esta foi agreste “

O que vale é que depois foi sempre a rolar até Santos, onde chegámos com 14,77 km marcados.

MAIS INCLINADA MAS MENOS AGRESTE.

Fomos novamente rolando a um ritmo vivo, quanto baste, e aos 18 km da viagem passámos por mais uma aldeia que não consegui identificar.

Indagar alguém sobre a toponímia da vila era coisa difícil porque não se encontrava vivalma.

“-Pudera com este calor o pessoal quer é sesta. Chamem-lhes parvos !!! “

“- Olha vamos é parar aqui nesta fonte à saída da aldeia, descansar um pouco e refrescar a cabeça, que parece que vem aí outra ascensão difícil.!!!

Descanso feito, lá fomos com ganas de vitória, subindo na relação 1:1. A meio da subida, debaixo de um alpendre arborizado, detecto um velhote, e sem interromper o meu lento andamento pergunto ofegante:

“-Boa tarde, qual o nome desta terra ??

“- Advagar”

“- Diga ??”

“- Advagar !!!”

“-.Ah, Ok, obrigado “

Exactamente, a de vagar, devagarinho, conforme exigia a magana da inclinada subida !!!

A CAPITAL DO GÓTICO

Aos 19,50 kms, estávamos em Vale de Flores e entrámos no Café, onde se consumiram avidamente uma bebidas frescas e se renovou com água gelada o depósito do CamelBak.

Mais recompostos e refrescados lá prosseguimos, novamente rolando em elevada cadência, passando aos 24,5 km por Casal de São Brás e aos 26,5 km por Azóia de Baixo, onde nos empoeirámos pelo estradão. Foi, no entanto, um par de quilómetros a circular à sombra do profuso arvoredo o que nos soube muito bem.

Aos 29 Km, aportámos à Portela das Padeiras, prenúncio de Santarém.

Entrámos no alcatrão da Nacional 3 e rumámos por aí, subindo até ao alto de Santarém, naquela que foi a última grande ascensão de relevo da etapa, e que culminou junto ao Jardim anexo à Escola Prática de Cavalaria e ao edifício do Mercado Municipal.

Vale a pena parar um pouco, enquanto se recupera da subida, e reparar nos azulejos com motivos que decoram o monumento.

Prosseguimos pela bela cidade que é Santarém, em direcção à praça de touros e descemos, sempre em asfalto, em direcção às Omnias.

Foi aqui que se atingiu a velocidade máxima do percurso (71 km/h), e que bem que soube o vento, embora quente, no rosto.

Passámos sob a ponte ferroviária, logo depois pela aldeia de Omnias, a seguir junto a um aeródromo e por baixo da “novel” ponte Capitão Salgueiro Maia, herói do 25 de Abril de 1974.

Deixámos, então o alcatrão, quase junto à típica aldeia avieira de Caneiras e entrámos num estradão em macadame, entre as searas de tomate e milho e algumas vinhas.

Foi aos 41,74 km que deixámos o caminho de Fátima e flectimos na direcção do Vale de Santarém.

Aqui, junto à ponte que atravessa o canal da Azambuja, também conhecido por Vala Real, progredimos por um “double track “ entre o frondoso arvoredo e o citado canal. Este canal é paralelo ao Tejo, foi mandado construir pelo Marquês de Pombal, tendo sido reconstruído em 1848 com a finalidade de enxugar os campos de Santarém. Hoje em dia o objectivo do canal é precisamente o inverso pois é utilizado para regar os campos agrícolas.

São quase 6 quilómetros em que se rola a bom ritmo, chegando assim em pouco tempo à bicentenária ponte da aldeia de Santana, nascida ao redor do apeadeiro ferroviário.

A partir daqui, foi seguir por asfalto passando pela Ribeira do Cartaxo e subir um pouco até ao Cartaxo, onde chegámos com quase 55 km “ciclometrados “e quando o calor intenso já amainava.

RELATOR:

Paulo Ribeiro

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