domingo, 6 de janeiro de 2002

ETAPA 6: MAFRA - COLARES, 06JAN02


Etap@ n.º 6

Entre: Mafra e Colares

Data: 06 Janeiro 2002

1. PARTIDA PARA A ETAPA

Local de Partida: Mafra (Mafra)

Data / Hora: 06 Janeiro de 2002, 10h00

2. DADOS SOBRE A ETAPA

Estado meteorológico: tempo seco, dia solarengo,

céu limpo, vento fraco (inferior a 15 km/h)

Locais Percorridos: Locais Percorridos: Mafra, Boco, Carvalhal, [Sintra] Serra do Lima, Odrinhas, Alfaquiques, Casal da Granja, Nafarros, Colares. .

Concelhos Percorridos: Mafra e Sintra.

Distritos Percorridos: Lisboa

Tipos de Piso Percorridos: asfalto, pedra, terra

Outros Elementos do Grupo: Fernando Carmo, Pedro Roque Oliveira, Rui Sousa, Jorge Cláudio, Pedro Basso, David Portelada, Luis Parreira, Eduardo Oliveira, Luis Borges, Manitou Black, Look, __; ___ .

Distância: 29 Km

Média Quilométrica: 15 Km/h

Tempo Efectivo Deslocação: 1h57'

Cartas Militares n.º(*): 402, 415, 416

3. CHEGADA

Local de Chegada: Colares (Sintra)

Data / Hora de Chegada: 06 Janeiro de 2002, 12h10

4. TRANSMISSÃO DE TESTEMUNHO

Testemunho Transmitido a: José Luz

Em (local): Porta principal da Igreja Matriz de Colares

Data / Hora: 06 Janeiro de 2002, 12h10


5. RELATO DETALHADO DA INCURSÃO (sem limite de linhas, incluir, sempre que possível, relatos de outros estafetistas):

Estafeta V@

Caracterização da Etapa nº 6

Por Fernando Carmo

Calhau! É desta forma sensível e delicada que, os militares de infantaria, se referem ao nosso local de partida, para esta 6ª etapa da Estafeta Velocipedia: o Convento de Mafra, emblemático edifício mandado construir por D. João V no decurso do século XVII, no qual se envolveram cerca de 50.000 trabalhadores, e que só encontra comparação no complexo de S. Lourenço do Escorial, em Espanha.

Mafra será talvez das regiões onde a prática de BTT é mais exigente nas suas diversas vertentes. Os pisos são técnicos e difíceis, as subidas curtas mas íngremes, e as descidas exigem de nós a máxima concentração. É um concelho predominantemente rural, de grande beleza, e no qual, rezam as estatísticas, a qualidade de vida atinge o seu expoente máximo. Sintra... bem Sintra faz jús à sua condição de património mundial da humanidade: charme e romantismo!

Inicialmente prevista para 23 de Dezembro, a etapa havia sido abortada devido às condições atmosféricas que na altura se faziam sentir. Confesso que então, tal aconteceu um pouco contra a minha vontade. Mas afinal, ainda bem que assim foi. O dia apresentou-se agradável, mesmo com uma temperatura elevada para o que se pode esperar de um dia de Janeiro, e o índice de participação foi alargado.

A dureza da etapa antevia-se no material que ia saltando de cima e de dentro das viaturas. Não havia nem uma “full suspension”, prova de que “a coisa” não seria para brincadeiras! Eram 10h00 quando saímos da porta do Calhau! Infelizmente, e apesar de ser Domingo, a hora madrugadora em que saímos impediu que escutássemos o soar dos carrilhões. A primeira dificuldade chega quase de imediato: a transposição da ribeira do Muchalfarro, e a consequente ascensão ao Boco. Curta, mas exigente quer física, quer tecnicamente. Poucos metros no planalto, e nova descida, desta vez exigente sob o ponto de vista técnico, para atingirmos Carvalhal. O Pedro Roque que, pela seu conhecimento da região assumiu o papel de guia, escolheu uma calçada em pedra, bem íngreme e saltitante. Carvalhal, é uma aldeia pequena e curiosa, isolada, envolta por montes em todas as direcções, como se estivéssemos no fundo de um poço. É impossível sair daqui sem ser a subir, e como tal, nada melhor que escolher a encosta mais difícil: a serra do Lima, direito aos moínhos com o mesmo nome que, outrora aproveitavam o vento para moer o cereal. Primeiro em pedra, por vezes solta, por vezes com pequenos degraus, depois em terra, mas com uma pendente bem acentuada, lá tentámos ultrapassar a encosta sem desmontar. Estava ultrapassada a fase mais difícil da sexta etapa. Entrámos numa zona menos acidentada, e à medida que nos deslocávamos para SW, e em que a serra de Sintra ia dominando o horizonte, podíamo-nos aperceber da sua beleza. Estávamos na chamada Várzea de Sintra. Odrinhas e as suas fabulosas ruínas, ilustrativas de três distintas épocas de ocupação, sendo a romana a mais ancestral, fazem-nos recuar no tempo. Provavelmente aquela calçada que descemos, antes de chegar a Carvalhal teve origem na mente e nas mãos de tão engenhoso povo! Que belo mergulho na História.

Passámos Nafarros e Galamares, e pedalámos por asfalto os dois últimos quilómetros antes de atingirmos Colares, onde subimos à Igreja Matriz

Esperávam-nos o Zé Luz, o Miguel Barroso, o João Coutinho e o Fernando Nanocas, a quem me desculpei pelo atraso e entreguei o testemunho, junto à Igreja Matriz local, erigida no século XVI em invocação de N. Srª da Mesiricórdia.

Foi bom estar com ele. Foi bom contribuir com dois elos para este projecto, ímpar no panorama desportivo nacional, e só possível numa modalidade que gera tanta empatia entre aqueles que, dela usufruem. Espero voltar a carregá-lo, lá mais para a frente, com mais elos, por outras terras, com outros ares e outras gentes, mas sempre com aqueles que me queiram oferecer o previlégio da sua companhia.

Acompanharam-me nesta ligação entre terras de Reis, mas não só: __________.

Para informações genéricas sobre a região, consultar:

www.cm-mafra.pt

www.cm-sintra.pt

www.monumentos.pt

JANELA INDISCRETA (por APRO)

ADIAMENTOS

Ainda bem que adiamos a etapa. O dia não poderia ter sido mais perfeito: sol com fartura para que as magníficas paisagens que cruzámos pudessem ser, por todos, devidamente desfrutadas. Depois de uma 5@ fria e ensolarada seguiram-se a 6@ e 7@ com um sol e uma ponta de calor a recordar o Verão que, bem vistas as coisas, até nem tarda assim tanto. Five Stars!

PONTUALIDADE LUSITANA

À boa maneira portuguesa os horários foram atirados às malvas. Assim as 08:20 de Cascais converteram-se, facilmente em 08:45, em parte devido a leves atrasos (éramos 12 em Cascais e 18 em Collares) em parte devido à circunstância de, em Cascais, se pagar o estacionamento aos domingos pelo que tivemos de encontrar um parque gratuito e suficientemente amplo para albergar a comitiva. Quem se tramou foi o FC que foi dando voltas ao "estádio" frente ao convento em Mafra assistindo a todos os detalhes possíveis no quotidiano domingueiro da saloia vila. Chegámos pelas 09:45. O segundo "tramanço" foi o do Zé Luz e do grupo de Collares que esperou, por seu turno 01:45, nada de extraordinário :-)

BRANDOS COSTUMES

Ao acedermos de carro, pela manhã ao Parque de Estacionamento junto ao Pavilhão do Dramático de Cascais (entrada do Jardim do Conde Castro de Guimarães) todos virámos à esquerda num local onde a sinalização vertical o impedia claramente: "que diabo, era domingo de manhã, que mal pode haver?". O problema é que a última das viaturas da comitiva era o carro patrulha cujos ocupantes, segundo parece, terão esboçado um sorriso e ignorado olimpicamente a múltipla manobra transgressora. A PSP apoia o BTT!

VALES INGRATOS

A sequência de três profundos vales (ribeiras de Muchalfarro, Boco e Cheleiros/Lisandro) que dominaram o início da 6@ etapa foi terrível de ser ultrapassada: em primeiro lugar e, ao contrário do clássico "Sintra-Mafra" eles apresentavam-se logo de início ou seja, a frio; por outro lado os pisos são bastante mais favoráveis no sentido Sul-Norte do que no N-S de hoje. Pessoalmente foi a parte mais difícil da incursão. À beira deles a muito dura ascensão, já na 7@, Collares-Capuchos-Monge efectuada com o hardware já à temperatura, pareceu uma brincadeira de rapazes imberbes, não custou mesmo nada bastando só deixar o FC ir à frente e fazer o que ele fazia, embora mais lentamente :-). Destaque para a explendida descida do Boco para o Carvalhal em trialeira.

ENGANOS TRADICIONAIS

Os terrenos da 6@ etapa situados entre os termos de Mafra e de Sintra são muito interessantes de serem percorridos mas a navegação, neles, é algo complicada. A passagem de hoje foi a minha enésima e não há maneira de não me sempre enganar 2 ou 3 vezes... O mais engraçado foi quando o lavrador perplexo na Codiceira viu 13 gabirus de bicicleta e roupas de licra garridas a entrarem equivocados pela sua quinta a dentro, ainda por cima já perto da hora de almoço :-). A melhor técnica consistiu, em caso de dúvida interrogar o LP, e ir pelo caminho oposto ao que ele indicava, nunca falhou! :-)

Por Pedro M. Basso

Depois de em Abril ter feito algo semelhante, mas de Cascais para Mafra, e com etapas pedestres e de BTT, e que demorou um dia a ser cumprida, com cerca de 90 km’s percorridos, estava confiante por achar que conhecia minimamente a zona. Erro crasso, pois não reconheci practicamente nenhum trilho, não me lembro de passar em quase nenhum dos locais onde passámos, e não me lembro de ter apanhado tanta pancada no corpo como ontem, apesar de nem acusar muito o esforço despendido nas duras subidas.

Mas vamos ao que interessa. Alvorada às 6h30, o que no Inverno é sempre mais complicado, com o frio a convidar a um repousante sono. Mas a perspectiva de um Mafra-Colares-Cascais fez com que às 6h35 já estivesse na cozinha a tratar de pequenos almoços e restante alimentação para a jornada que se anunciava dura q.b. Às 8h20 estava pontualmente em Cascais, e foi fácil reconhecer os restantes elementos que ainda não conhecia, pois quem mais estaria na baia de Cascais, às oito e tal da manhã de um Domingo, com um ventinho gelado?? Lá estavam o Eduardo Oliveira, o Luís e logo depois o David e toda a restante comitiva velocipédica.

Atrasos à parte, saímos de Mafra por volta das 10h00, e logo aí ficou patente a dureza que nos esperava, com três descidas a outros tantos vales, e consequente subida pronunciada, cheia de rocha, a exigir muita técnica e alguma sorte. Foi logo nos km’s iniciais, e numa zona em que alguns ciclistas pararam para pensar duas vezes antes de atacar a descida seguinte, que se deu um dos momentos do dia. O David, que foi dos que teve que parar, encaixou o pé direito, tentou descer mas a roda da frente bateu de imediato numa pedra, levando-o a fazer o pino e caindo de costas com a bicla em cima. Ninguém se riu, pois o chão era um mar de rochas, algumas bem salientes, e todos perceberam que podia ser bem grave. Felizmente não, e o David, embora queixando-se de um dos ombros, lá se levantou e fez o resto da etapa sempre com um sorriso de orelha a orelha.

A 6@ propriamente dita não teve muito mais história, pois uma vez alcançado o planalto, foi rolar calmamente até Colares, apreciando as bonitas paisagens que nos rodeavam, para chegarmos com um ligeiro (?!?) atraso... de uma hora e tal... Lá estavam o José Luz, o MB e outros dois ciclistas, para nos acompanharem (e guiarem, no caso do José Luz) até Cascais.

PMB

Data: 26 Novembro 2001

Relator: Fernando Carmo (integração parcial dos textos Janela Indiscreta de Pedro Roque, e da crónica de Pedro Basso)

domingo, 25 de novembro de 2001

ETAPA 5: VILA VERDE DOS FRANCOS (ALENQUER) - MAFRA - 25NOV01

ETAPA N.º 5

Entre: VILA VERDE DOS FRANCOS (ALENQUER) E MAFRA

Data: 25 de Novembro de 2001

PARTIDA PARA A ETAPA

Local de Partida: Vila Verde dos Francos (Alenquer)

Data / Hora: 25 Novembro de 2001: 10h15'

2. DADOS SOBRE A ETAPA

Estado meteorológico: tempo seco, dia solarengo, céu limpo, vento fraco (inferior a 15 km/h)

Locais Percorridos: [Alenquer] Vila Verde dos Francos, Casais da Fonte Pipa, Serra Galega, Casal das Pedreiras, [Torres Vedras] Bocal, Runa (imediações), Figueiredo, Cadriceira, [Mafra] Srª do Socorro, S. Sebastião, Terroal, Jeromelo, Abrunheira, Alcainça, Arrifana, Carapinheira, Mafra

Concelhos Percorridos: Alenquer, Torres Vedras e Mafra

Distritos Percorridos: Lisboa

Tipos de Piso Percorridos: asfalto, terra, relva, pedra

Outros Elementos do Grupo: Pedro Roque Oliveira, João Pimpão, Henrique Almeida, Paulo Ruivo, Pedro Ruivo, Luís Parreira, Carlos Martins, Rodrigo Pacheco

Distância: 55 Km

Média Quilométrica: 15 Km/h

Velocidade Máxima: 60 Km/h (na descida da Srª do Socorro)

Tempo Efectivo Deslocação: 3h41'

Cartas Militares n.º(*): 362, 375, 388, 389, 402

3. CHEGADA

Local de Chegada: Mafra (Mafra)

Data / Hora de Chegada: 25 Novembro 2001, 15h15

4. TRANSMISSÃO DE TESTEMUNHO

Testemunho Transmitido a: Fernando Carmo (manutenção do testemunho)

Em (local): Porta principal do convento de Mafra

Data / Hora: 25 Novembro 2001, 15h15

5. RELATO DETALHADO DA INCURSÃO (sem limite de linhas, incluir, sempre que possível, relatos de outros estafetistas):

Estafeta V@ Caracterização da Etapa nº 5

Por Fernando Carmo

Sabíamos que seriam cerca de 55Km, caracterizados por uma invulgar dificuldade, face às dificuldades provocadas pela inclinação das muitas pendentes a vencer, e, aqui e ali, por um piso extremamente pedregoso. A anunciada dureza do percurso, afastou da partida muitos dos candidatos. Assim restaram nove, vindos de Abrantes, Sintra, Mafra, Lisboa e Almada. O dia estava solarengo e limpo, convidando a deixar de lado a roupa mais quente.

Eram 10h15 quando partíamos de Vila Verde dos Francos, depois das fotos da praxe à porta da igreja local. Ainda nem 1 Km tínhamos percorrido, e já iniciávamos a primeira subida. A pedra abundante e o terreno solto, levava-nos à Serra da Galega, onde durante alguns quilómetros convivemos, em pleno planalto, com os inúmeros moinhos de vento, característicos da região. Cruzámos então a divisão concelhia entre Alenquer e Torres Vedras, ao longo da qual pedalámos durante alguns quilómetros.

Referência apenas para uma subida, junto à povoação de Orjariça. Uma autêntica parede, em relva, cuja ascensão em 22*32 obrigou a um enorme esforço, com os braços em plena actividade, no sentido de, não só auxiliar a pedalada, como também para evitar o levantamento da roda dianteira.

Descemos de seguida a Runa, com o majestoso edifício do Asilo dos Inválidos Militares como referência, cruzámos o rio Sizandro e a linha de caminho de ferro que o bordeja. Ao cruzar esta via férrea, encontrámos a Qta da Porticheira e uma dura subida até ao Delta Maravilha. Entrámos numa zona de planalto, sem dificuldades de maior a registar, e com uma paisagem assombrosa. Com a A8 à vista, chegava a hora de inflectir caminho. Tínhamos agora a oportunidade de cruzar inferiormente esta via rápida que liga Lisboa a Torres Vedras, junto à povoação de Cadriceira, no sopé da Serra do Socorro. Não foi fácil descer naquele caminho. É uma descida que mescla o rápido e o técnico, de piso difícil onde a aderência e a travagem são manobras complicadas. Mas chegámos a Cadriceira sem novidade. Ali. No sopé da serra, o sol do meio-dia, e a visão da majestosa “borbulha” que sobressai nos cumes vizinhos levaram-nos a parar para um pequeno reabastecimento.

Parecia assustador, mas tratavam-se de apenas 2Km, ainda que muito íngremes, com pedra solta e vegetação rasteira a dificultar, e muito, a nossa tarefa. Ainda para mais, já tínhamos uns quilómetros bem acesos nas pernas! Mas chegámos! A vista era magnífica, a partir desta ermida que data dos séculos XII/XIII, tendo sido reedificada nos séculos XV/XVI.

A capela da Srª do Socorro marca uma nova transição concelhia. Do concelho de Torres Vedras passávamos a Mafra. Fizemos as fotos da praxe, reagrupámos, e demos dois dedos de conversa com um casal que se entretinha nesta forma de turismo alternativo, usufruindo, também eles das suas bicicletas.

Agora vinha a rápida e perigosa descida. Havia alguma areia, especialmente nas curvas fechadas com o pavimento em calçada! Felizmente não houve excesso, nem incidentes, pelo que todos chegámos sem incidentes.

Acercava-se outra enorme dificuldade! Havia que transpor uma elevação, mas o caminho era perpendicular às linhas de cota, conferindo um aspecto terrível à tarefa. Lá conseguimos subir os diversos topos, ainda que quase caindo para trás! Foi necessário quase que encostar o peito ao guiador, cerrar os dentes e fazer força, muita força! Mas... lá em cima valia a pena. Será talvez um dos locais mais belos deste espantoso troço, aquele que passa entre as duas Enxaras, a do Bispo e a dos Cavaleiros! Ah. E se estas terras falassem! Diriam que, outrora, por aqui passaram com outras montadas cavaleiros envolvidos noutras empresas, e que D. Manuel I lhe concedeu foral em 1519.

Mas o tempo para contemplações não abundava! Logo outra subida! Agora para Jeromelo, o piso verde, relvado, que subia pelo vale. A paisagem sublime, uma vez mais! De novo descer rápido, para novamente voltar a subir! Mas desta feita o ânimo renascia, pois sobressaiam no horizonte, e mais próximos, os geradores eólicos da Serra do Funchal e o muro da Tapada Real de Mafra. As grandes dificuldades estavam ultrapassadas. Apenas nos separavam de Mafra uma ascensão junto a Abrunheira e outra para atingirmos Carapinheira, mas coisas de pouca monta.

E... Já estava... Faltavam 2 Kms de asfalto para o majestoso convento nos enquadrar a satisfação por mais uma etapa cumprida. Esperava-nos o Rui Sousa, cujo despertador atraiçoara, e por esse motivo não nos acompanhou! Certamente com pena, trocou as rodas grossas por finas, e rumou ao nosso encontro, imortalizando pela imagem aqueles que cumpriram mais uma etapa deste projecto. Foram eles Carlos Martins, Fernando Carmo, Henrique Almeida, João Pimpão, Luis Parreira, Paulo Ruivo, Pedro Roque Oliveira e Pedro Ruivo.

Para informações genéricas sobre a região, consultar:

www.cm-mafra.pt

www.cm-tvedras.pt

www.monumentos.pt

JANELA INDISCRETA (por APRO)

ERA UMA VEZ...

Era uma vez uma etapa tão dura que só foi disputada por bicicletas HT... Onde é que eu já li isto anteriormente? Não me recordo, porém é a mais pura das verdades! ;-)

QUALIDADE

A qualidade de uma etapa pode também ser medida pela lista oficial de "baldanços": nada mais nada menos que dois colunáveis com receio das subidas (o "B" de Leiria e o "B" de Miraflores :-) e, pasme-se, o RS, com medo das descidas! De nada lhe valeu ter-nos recebido, no final, em Mafra na sua bicicleta com slicks montados. Já se perdem na memória os "flops" desta, outrora promessa, do ciclismo de montanha nacional :-). Por que será que este rapaz nunca desperta cedo? ;-)

EMPRESA DE CAMIONAGEM PIMPÃO, LDA.

Deu um jeitão a boleia para as bicicletas na camioneta do irmão do João Pimpão. Grande parte do problema logístico ficou, logo ali, resolvido. Grande Pimpão!

LEBRES BIANCHI

O Henrique Almeida apareceu com uns amigos, dois irmãos, montados em Bianchis topo de gama (HT claro está). Os "tipos" tinham um andamento diabólico e foram, em parte, responsáveis pelo ritmo diabólico que foi imprimido a esta incursão. Sem embargo a quilometragem em função da altimetria fez com que um deles, esgotadas as "baterias" sofresse uma série de cãimbras.

CHUVA PESADA

Apesar do sol ainda choveu. É verdade, não água, mas chumbo de um par de tiros dirigidos a uma sobrevoante perdiz que caíram por cima de nós. Não há pachorra :-(

PARA TODOS OS GOSTOS

Para quem gosta de descer este também foi uma grande incursão. Que o diga o Rodrigo Pacheco que, às páginas tantas, na descida do planalto para a passagem inferior da A8, vê a sua bicicleta no chão e tem de correr os 100 metros montanha abaixo para não se ver confrontado com o solo pedregoso. Só visto! De resto só uma atenção redobrada evitou alguns dissabores à maioria nas técnicas descidas do percurso...

SOCORRO, TIREM-ME DESTE FILME!

O ponto alto da incursão foi, como se esperava, a ascensão ao santuário de Nossa Senhora do Socorro, no topo da serra do mesmo nome. A um desnível desumano aliava-se um piso péssimo. Uma espécie de "irmã mais velha" da mítica subida de S. Luís no Parque Natural da Arrábida. Houve quem, prudentemente (Luís "Duracell" Parreira), a contornasse e aguardasse os restantes no final da descida de empedrado. Poupou-se o suficiente para poder resistir até ao final. Vê se curas essa gripe!

LA DULCINEIA DEL JEROMELO

O tempo esteve magnífico com um sol radioso e ausência de vento sugerindo mais a Primavera do que um Outono já "entradote". Tal facto pregou algumas partidas aos "9 magníficos" ao nível da reserva de água. No meu caso, como entendo que as gramas extra são inimigas do bom desempenho reduzi as recargas de água ao mínimo previsível. No entanto, após Enxara do Bispo, o precioso líquido esgotou-se-me e havia ainda um enorme desnível a vencer até ao Jeromelo. Cheguei lá acima com uma sede enorme. Naquela povoação uma visão magnífica: uma donzela, singela mas formosa, deu-me de beber. Ao meu "obrigado" respondeu com um sincero sorriso. Afinal Portugal ainda é verdadeiramente uma caixinha de surpresas! ;-)

OS HERÓIS TAMBÉM SE ABATEM?

A dada altura, o João Pimpão, sobejamente conhecido por todos por ser uma espécie de "força da natureza" pedalante, começou a subir mais devagar e a dizer que estava farto. Tal facto, conjugado com a ilustre lista de "baldanços", torna indesmentível aquilo que já se previa: esta foi a mais dura jornada da Estafet@ (até ao momento, claro está)!

O HOMEM DA MARRETA

Esteve omnipresente nesta incursão, todos demos pela sua presença, uns mais, outros menos. Ainda assim um dos "Lebres-Bianchi" e o FC (hoje literalmente "fémur comprido") terão sido, provavelmente, os menos incomodados. Pessoalmente fui doseando, como pude, o esforço e ao fim senti-me bem e consegui ser rápido nas derradeiras mas demolidoras ascensões, ainda assim, nada mau!

E AS "PIADAS TARDIAS"

As referentes às minhas pastilhas "Isostar" que, não só não se adquirem na farmácia, como estão ao alcance de qualquer mortal, numa simples prateleira de hipermercado. Numa incursão deste tipo há que manter constantes os níveis de açúcar e sais no sangue, caso contrário o corpo prega-nos uma partida desagradável. Além disso, quem não tem cão caça com gato e, como não consigo efectuar as subidas "à maluca" como alguns ;-), tenho de dosear bem o esforço, manter a pulsação em níveis "legais" (tirando a socorrística serra) e o resto vem mesmo do condicionamento virado essencialmente para o endurance e as longas distâncias. É a aplicação prática da fábula da "Cigarra e da Formiga" ou se quiserem de, "quem ri por fim, ri melhor". Em suma eu não estava a andar mais depressa no final, estava a andar o mesmo, os outros é que estavam mais lentos. Esta malta não pode ver uma camisa lavada :-))).

MAIS UMA ZELOSA FUNCIONÁRIA

Conseguir chegar ao Convento de Mafra após uma travessia desta dureza deixa qualquer um entusiasmado. Nem o excesso de zelo da funcionária da Igreja do Convento a dizer-nos, insistentemente, que não poderíamos estar ali (em frente à entrada da basílica) com as bicicletas nos fez perder a paciência. Estive ainda tentado a dar a "resposta-padrão" para estas situações - "afinal não são só os cães que não gostam de ciclistas!" mas, a sensação de "detente" que se obtém após um desafio deste tipo, aliada ao facto de, apesar dos modos, ser uma senhora e de estar um resplandecente dia de sol, fez-me dizer-lhe apenas secamente - "viemos em peregrinação!", voltar-lhe as costas e posar para o inevitável momento fotográfico! Prémio limão para a referida "administrativa" :-(

DELTAS, MOINHOS, ANTENAS E MIRADOUROS

É aquilo de que esta incursão foi farta, de tal modo que já nem lhes ligávamos patavina. De qualquer modo não os consigo quantificar, apenas sei que eram muitos :-)

QUEBRADO O ENGUIÇO

Esta quint@ etapa parecia que estava enguiçada. Primeiro as previsíveis dificuldades logísticas, depois a dureza das inúmeras ascensões e depois a tripla jornada de reconhecimento. Finalmente tudo culminou da melhor forma. Para além das boas memórias ficará uma segunda feira típica de coxas pesadas. Venha a 6@ e 7@ por favor. Agora, até Olissipo tudo é bem mais fácil!

+ + + + + + + + + + + +

Data: 26 Novembro 2001

Relator: Fernando Carmo (integração do texto Janela Indiscreta de Pedro Roque)

segunda-feira, 29 de outubro de 2001

ETAPA 4: CALDAS DA RAINHA - VILA VERDE DOS FRANCOS (ALENQUER) - 29SET01


Fotos da Etapa

Etap@ n.º 4

Entre: Caldas da Rainha e Vila Verde dos Francos (Alenquer)

Data: 29SET01

1. PARTIDA PARA A ETAPA

Local de Partida: Largo do Hospital Termal das Caldas da Rainha

Data / Hora: 29SET01, 09:00

2. DADOS SOBRE A ETAPA

Estado Meteorológico: Tempo Instável, mas sem chover

Locais Percorridos: Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral, Cadaval, Pragança e Vila Verde dos Francos.

Concelhos Percorridos: Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral, Cadaval e Alenquer.

Distritos Percorridos: Leiria e Lisboa

Tipos de Piso Percorridos: terra batida, pedra, asfalto.

Elementos do Grupo: APRO (Cannondale), Mário Carriço (Rotwild), Macedo Mota (Trek) e Pedro Brites (Univega) num total de 4 elementos.

Distância Total: 67.000m

Média Quilométrica:

Velocidade Máxima:

Tempo Efectivo Deslocação:

Tempo Total da Etapa:

Cartas Militares n.º e nomes (*): 326 (Caldas Rainha), 338 (Óbidos), 331 (Cercal - Bombarral) e 362 (Ramalhal - Torres Vedras).

3. CHEGADA

Local de Chegada: Adro da Igreja Matriz de Vila Verde de Francos

Data / Hora de Chegada: 29/09/2002 às 17:00

4. TRANSMISSÃO DE TESTEMUNHO

Testemunho Transmitido a: Fernando Carmo.

Em (local): Adro da Igreja Matriz de Vila Verde de Francos

Data / Hora: 29/09/2002 às 17:00

5. RELATO DETALHADO DA INCURSÃO:

Realizou-se mais uma etapa da Estafet@, a quarta, que ligou, numa

extensão de 67 quilómetros, as Caldas da Rainha a Vila Verde de Francos,

Alenquer.

Foi, até ao momento, a etapa mais dura da Estafet@, pela sua extensão,

estado do terreno e pelo relevo, sobretudo do Cadaval em diante, primeiro

num constante "rompe pernas" (sobe e desce) até se chegar ao "acampamento

base" (café Garcia em Pragança) e depois pela subida asfáltica até "lá

acima" que incluía um desconto de 15% (4 kms. de Pragança até ao cruzamento

do local conhecido por "Montejunto" com uma subida de inclinação 15%).

Seguiu-se uma estonteante descida até ao miolo da serra para depois mais uma

sessão de "rompe pernas" pela cumeada dos moinhos com uma descida

incrivelmente técnica e, finalmente, a almejada descida, junto ao "Convento

da Visitação", para VVF.

TEMPESTADE EM LISBOA, BONANÇA NAS CALDAS

Como não tive companhia para me deslocar ao Porto, ao passeio do Bike Team,

optei antes por realizar a 4.ª etap@.

Acordei pelas 06:30 da manhã com a melhores intenções: fazer logo o

asfáltico entre VVF e Caldas, para despachar logo esse assunto... O cenário

não podia ser mais confrangedor, chuva diluviana acompanhada de rajadas e

trovoada! Aviso de mensagem escrita: o Pedro Basso a dizer que

"lamentava"... Mando eu uma mensagem ao Mário Carriço a dizer que o tempo

estava impróprio e que eu tb. "lamentava". Adormeço uma hora, acordo de novo

e vejo o céu desanuviado e uma chuva já dentro dos parâmetros legais.

Telefono ao MC para tentar convence-lo a reatar a etap@. Qual não é o meu

espanto quando ele me diz que, nas Caldas está um sol radioso. Bolas lá

tenho eu que fazer o asfáltico no final!

LAGUNA E MURALHA

Já havia efectuado o "Bom Barral" - Montejunto na semana transacta aquando

do reconhecimento. Desta vez fomos das Caldas em direcção a Óbidos com um

pequeno desvio para bordejarmos a magnífica Lagoa passando por zonas algo

arenosas e difíceis. Depois foi a vez dos barros fazerem das suas: os campos

já estavam cheios de barro e ao chegarmos ao miradouro donde se avistava o

castelo de Óbidos a tarefa foi limpar os kgs. extra desta matéria do quadro

e componentes da bicicleta.

CIRCUITO MEDIEVAL

Entramos dentro da muralha de Óbidos pela porta NW com alguns turistas

estrangeiros meio boquiabertos com o estado das figuras e das bicicletas.

Seguiu-se um passeio pelo casco antigo e uma paragem no café "1.º de

Dezembro" estrategicamente situado frente aos Paços do Concelho.

Reabastecimento sólido e piadas contadas (sabem aquela do Mickey e da

Minnie? Não? Então quando estiverem com o Macedo perguntem-lhe que é

demasiadamente picante pare eu lhes contar aqui! :-)) continuação do périplo

e saída pela porta W para uma traiçoeira e escorregadia vereda descendente

(podia ter dito "single track" mas não digo, depois da saga "octalink,

hallowtech, isis e square taper" todas as minhas palavras irão ser

traduzidas nesta lista! :-)). Seguimos até ao "Bom Barral" paralelamente à

A8 e ao caminho de ferro, por meio dos pomares e do imenso barro. Na terra

da fruta parámos na Repsol e repusemos o brilho nos quadros, lavámos

correntes e componentes e relubrificámos.

RECONHECIMENTO REPETIDO

Repetimos a dose apenas com bastante mais barro. Numa das subidas entre "Bom

Barral" e Cadaval não havia tracção possível, aí chegados de novo o aspecto

confrangedor do barro instalado por todo o lado. As descidas eram

aproveitadas para tentar diminuir a "largura extra dos pneumáticos" à custa

de pedaços de barros projectados para cima de nós próprios.

+ + + + + + + + + + + +

Data: 29SET01

Relator: APRO (a rogo de Mário Carriço)

OUTROS RELATOS

O percurso asfáltico entre Bombarral e as Caldas testemunhava uma

noite de forte chuvada. As nuvens davam lugar ao sol mas ainda muita

água corria pelas valetas e bermas da estrada. Adivinhava-se muita

lama.

Chegámos ás Caldas e tomámos o pequeno almoço numa esplanada,

completamente cegos com o sol na cara. Chegou o Mário Carriço e logo

depois o APRO. Toca a andar que há muito para pedalar.

A primeira parte do percurso desenrolou-se por uma zona já minha

conhecida e que teve o seu ponto alto nas lindíssimas lagoa de Óbidos

(na sua parte interior) e vila com o mesmo nome.

Antes de chegar a Óbidos tive um furo na roda da frente. Como tenho a

nhanha verde limitei-me a dar umas bombadas e rodar a roda. Qualquer

tentativa para descobrir algum espinho era completamente impossível

devido à camada de lama que cobria os pneumáticos. A coisa aguentou-

se até um pouco antes do Bombarral. Teimoso em não querer mudar a

câmara ainda a enchi por duas vezes. Nesta localidade parámos numa

bomba de gasolina e aproveitei para tirar a lama do pneu e retirar

uma razoável quantidade de espinhos. Azar que o compressor devia

estar desligado e tive que encher o pneu à mão.

A partir do Bombarral o percurso subiu sempre lentamente até ao

Cadaval. A maior dificuldade foram as energias que se gastaram, quase

sem dar conta, para vencer aquele terreno com lama seca que tanto se

agarra à roda como se solta com um pouco mais de velocidade. Por pura

teimosia prometi a mim mesmo que não mudaría a câmara e que a nhanha

tería de, à força da minha bomba cumprir a sua missão. Qual quê!!!

Mais duas ou três paragens para dar à bomba.

Chegados ao Cadaval, a vista sobre Montejunto era optimista porque

estávamos já a uma altitude considerável e o ataque à serra não

parecia tão difícil. O Problema é que o MC resolveu descer, descer

para depois voltar a subir. OK, agora é que atacamos a serra, pensava

eu e logo voltávamos a descer para depois subir outra vez. Numa

destas descidas em que o pneu limpou (e a minha cara sujou) dei o

braço a torcer (em parte) e resolvi desmontar o pneu. Bem, tirei meia

dúzia de espinhos bem compridos e como eram finos resolvi (teimoso

como um raio) montar a mesma câmara que tinha nhanha.

Nesta altura já o MC e o APRO se íam embora nas súbidas e as paragens

para dar ar serviam para eu e o Macedo descansarmos (mais ele que eu

que tinha de dar à bomba)e para justificar o nosso atraso.

Chegámos finalmente à tão desejada localidade de Pragança onde

parámos no café e nos mentalizamos para a escalada que se apróximava.

Por mim não havia problema. Três ou quatro paragens para dar ar e a

súbida havia de se fazer e o atraso estaría mais que justificado,

embora áquela hora já ninguém estava com paciência para aturar a

minha teimosia.

Subida a cima e lá vai ele. Algumas centenas de metros e já eu me

punha em pé nos pedais, passando o peso para a frente para ver a

pressão do pneu. E ele....NADA. Ufa! que isto sobe! E o pneu ... Nada!

Querem ver que isto é nhanha do espaço e só funciona em altitude?

Venho eu a dar ar desde Óbidos para agora, que dava jeito fazer umas

paragens, esta coisa finalmente funcionar! E funcionou.

Paisagem maravilhosa, principalmente pela cumeada dos moinhos. Lá em

baixo V.V. dos Francos e a Serra saloia que adivinha uma "Qint@"

cheia de momentos altos (literalmente).

Ainda bem que só tive de asfaltar até ao Bombarral. É que o Macedo

começou a falar em comida e eu comecei a ter alucinações e securas.

Escusado será dizer que no regresso fizemos uma paragem em Alfeizerão

(alô! RS)

Resumo a etapa na Frase que o Mário Carriço repetiu a cada km :

"Isto foi tudo muito bem organizado" 8-))))

Siga a "Quint@" e que se comecem a preparar a sext@, a sétim@, a

oitav@ e por aí fora.

Pedro Brites

sexta-feira, 26 de outubro de 2001

ETAPA 3: CARTAXO - CALDAS DA RAINHA, 26AGO01


Fotos da Etapa

ETAPA N.º 3 ( ver website )

Entre: CARTAXO E CALDAS DA RAINHA

Data: 26 de Agosto de 2001


2. PARTIDA PARA A ETAPA

Local de Partida: Cartaxo-Largo da Praça de Touros, nas traseiras da estação dos Correios

Data / Hora:26 de Agosto de 2001 (Domingo) às 10h30m

3. DADOS SOBRE A ETAPA

Estado Meteorológico: Tempo seco, céu algo nublado pela manhã, sem vento, sem chuva, quente qb

Locais Percorridos: Cartaxo, Ribeira do Cartaxo, Santana, Vale de Santarém, Póvoa da Isenta, Ponte do Celeiro, Casal do Paul, Louriceira, Marmeleira, São João da Ribeira, Casais da Lezíria, Ribeira de São João, Anteporta, Casal da Castanha, Casais do Barreiro, Rio Maior, Freiria de Rio Maior, Senhora da Luz, casal do Brejo, Casal do Filipe, casal do Rei, Outeiro, Vila Nova, Malasia, Formigal, Imaginário, Belver, Lagoa Parceira, Caldas da Rainha

Concelhos percorridos: Cartaxo, Santarém. Rio Maior, Caldas da Rainha

Distritos percorridos: Santarém e Leiria

Tipos de Piso Percorridos: Plano, pistas principais compostos por terra batida e macadame, asfalto grande parte estradas secundárias.

Elementos do Grupo: 18 participantes: Paulo Ribeiro, António Quina, Miguel Ferreira (Trilho Livre) Pedro Roque, Pedro Brites, Mário Carriço, Jorge Cláudio, Pedro “Indy” Ribeiro, Rui Sousa (membros da V@), Virgílio Tonelo, Henrique Frazão, Rodrigo, Filipe, André, Paulo Gervásio, Nuno Paiva, Macedo Mota.

Quilometragem total: 67,17 km

Média Quilométrica: 17,07 km/h

Velocidade Máxima:59,19 km/h

Tempo Efectivo Deslocação: 4h40m06s

Cartas Militares n.º*:326, 338, 339, 352, 364 e 351.

4. CHEGADA E TRANSMISSÃO DE TESTEMUNHO

Testemunho Transmitido a: Mário Carriço EM:

Local de Chegada: Caldas da Rainha, Hospital Termal

Data / Hora de Chegada: 26 de Agosto de 2001 às 15h47m


5. RELATO DETALHADO DA INCURSÃO (sem limite de linhas):

COMEÇO

Deixando o largo excelentemente ajardinado da praça de touros do Cartaxo, seguimos por asfalto em direcção à Ribeira do Cartaxo, onde chegámos rapidamente devido à acentuada descendente.

Cruzámos a linha ferroviária de Santana e depois de uns metros sobre a bicentenária ponte rodoviária, abandonámo-la por um buraco na mesma e entrámos no “double track” que foi acompanhando a vala real da Azambuja. Foram aproximadamente 6 quilómetros, onde além do silêncio envolvente se pôde observar à nossa esquerda, imponente e altaneiro o palácio dos Chavões e mais à frente à direita e mais distante, a alta Quinta da Fonte Bela, onde consta, ainda existem os maiores tonéis de madeira do Ribatejo. Fomos seguindo rodeados pelos campos agrícolas de milho, tomate e alguns vinhedos.

FERROVIAS

Depois de passarmos sob a ponte ferroviária da linha do Norte no Vale de Santarém, subimos à ponte d´Asseca e mais à frente, já na estrada para a Póvoa da Isenta, entrámos no traçado original da ferrovia de Rio Maior.

Agora desprovida de carris, a então ferrovia trazia o carvão das minas de lignite de Rio Maior até ao Vale de Santarém, e daqui fazia a ligação à linha do Norte.

Desde o início do século até 1969, altura em que a mina foi desactivada, e por consequência, também a ferrovia, a Mina do Espadanal foi explorada em grande escala, marcando indelevelmente durante décadas o período mineiro de Rio Maior. De resto, a empresa mineira (EICEL), nos anos cinquenta e sessenta chegou a ter um ramal ferroviário privado até ao Vale de Santarém, para o transporte do carvão.

À medida que se ia pedalando, se olhássemos para o chão com atenção, ainda se podiam observar, semi- descobertas, algumas “chulipas” que suportavam os carris. Só assim se acreditava que íamos rolando por um caminho outrora pertença das locomotivas movidas a vapor.

Aliás, nesta fase inicial do nosso pedaleio pela antiga ferrovia, convinha mesmo ir olhando para o chão, devido aos profundos rasgos feitos pelos tractores e que convinha evitar para obstar dissabores É que, no Inverno , esta pista torna-se bastante barrenta, características típicas do «bairro» ribatejano, e depois quando seca, ficam marcados qual molde torto, os pneus das ditas máquinas agrícolas.

CABEÇOS E PAUIS

Passada esta fase mais complicada, seguimos, pois, por uma pista larga, plana e bastante rolante embora em certas zonas continuássemos a ser confrontados com o espesso canavial que em certos trechos se formava e que teimava em querer perturbar o nosso andamento.

Houve mesmo alguém que aventou a hipótese, de para a próxima trazer uma catana !!!

Teria dado algum jeito...

Ao longo do itinerário da via fomos sendo constantemente acompanhados à direita pelas zonas alagadiças e pantanosas como o Paul da Anana, de João Andrade e o das Salgadas e à esquerda, sobranceiros e altivos os cabeços como o da Ponte do Celeiro (que deu origem à aldeia com o mesmo nome), O Melim e o do Mata Quatro.

É neste último cabeço que fica assenta a aldeia do casal do Paul e é também aqui que se juntam, para formar a “Vala d´Asseca”, linhas de água baptizadas com o nome das vilas de onde procedem; “A ribeira de Alcobertas”, o “Rio Maior” e a “Ribeira de Almoster”.

Este “Cabeço do Mata-Quatro”. pelas suas características de posição altaneira, formou com as próximas da Ponte do Celeiro, da Ponte d´Asseca e a do Casal do Paul, importantes pontos, militarmente estratégicos, em algumas guerras como as invasões francesas (comandadas pelo General Massena), a guerra de 1834 (entre Miguelistas e Liberais) e a Patuleia em 1847.

Já junto à Louriceira, entrámos no desaterro que sustentava a massa de terra do cabeço . Nesta altura do ano, foi possível passar por aqui, mas no Inverno, a água desce do cabeço e no desaterro forma-se um enorme charco, piscina de girinos e cobras d´água.

Pergunto-me como é que o pequeno comboio passaria por aquele trecho nestas alturas invernais !?!

FIM DA FERROVIA

Foi assim que sem dificuldades, embora com inconstâncias de andamento , que chegámos ao local onde abandonávamos o caminho da ferrovia, pouco depois do Casal da Castanha. Não que o percurso original da ferrovia terminasse aqui, mas porque por circunstâncias várias, não é possível por ele continuar.

Entrámos então na movimentada estrada N114, por onde seguimos até a Rio Maior, chegando a esta cidade com 40 quilómetros ciclometrados.

PRIMEIRAS ASCENSÕES

Abandonámos Rio Maior e deixámos o asfalto junto a Freiria, enveredando pela várzea do tufo, rolando por caminhos que rodeavam os cabeços, tentando com esta gincana, evitar as ascensões que os mesmos ofereciam. Deu para observar um prédio de 3 andares no meio do mato !!!, onde várias famílias de etnia cigana vão habitando. Cruzámos várias ribeiras e regatos e o Rio Maior (ainda tão límpido nesta sua quase nascença que começa ali tão perto na Serra dos Candeeiros).

Entrámos novamente no asfalto, passando por baixo da ponte do IC2 e pelas pedreiras dos Casais da Serra. O pó que se podia observar e sentir é desagradável mas rapidamente chegámos a Senhora da Luz e pouco depois em Casal do Brejo, onde iniciámos a primeira ascensão digna desse nome.

MUITA FRUTA

Chegados ao Casal do Rei, enveredámos por um largo estradão em macadame que aguarda o tapete betuminoso (está lá uma improvisada caixa de esmolas para quem quiser contribuir para o alcatroamento !?!) e onde a velocidade aumentou. Mais um bocado de asfalto noutra estrada secundária e estávamos no alto do Outeiro. Aqui atingíamos o ponto mais alto de toda a jornada. Podendo-se do alto, observar, em pontos cardeais distintos, a lagoa de Óbidos e a Serra dos Candeeiros.

Lá continuámos rolando, novamente por macadame, mantendo-nos no vértice do Outeiro. Contornámos Vila Nova, evitando as subidas que ascendiam à vila e daí a pouco entrávamos no “reino da fruta !?!.” Nestas teras, o viajante, mais desprovido de alimentos, e que passe por estes caminhos em Julho e Agosto ,não passará fome pois pode encontrar ali ao lado, pêras e maçãs com fartura.

O trajecto foi continuando no seu carrossel rolante, onde a seguir às descidas se apresentava invariavelmente uma subida, mas com o embalo da anterior descensão a dificuldade era menorizada, até que...

A subida para a pequena Malasia, encontrava-se armadilhada !!!

É que, além de não ser antecedida de descida embaladora, a ladeira foi inclinando paulatinamente.

IMAGINE-SE !!

Descemos da Malasia por um inclinado, estreito e resvaladiço !?! alcatrão e um pouco à frente, já acompanhávamos a ribeira da Tornada. Para evitar ascendermos ao cabeço de Infantes, enveredámos por uma serventia, que se dirigia à ribeira mas onde o agricultor em certa parte, plantou abóboras ???

Plantar abóboras num caminho que está assinalado na Carta Topográfica ...

Imagine-se...

A partir daqui acabaram os caminhos sem piso alcatroado, continuámos pelo Formigal, fizémos a dolorosa e movimentada subida do Imaginário, onde já só “imaginávamos” as Caldas e depois da Lagoa Parceira, foi bater o record de velocidade máxima, na alucinante descida até às Caldas da Rainha.

Acabámos assim em ritmo vivo junto hospital termal e ao belo edifício onde se acomodavam os seus utentes vindos de zonas mais distantes.

Relator: Paulo Ribeiro

domingo, 29 de julho de 2001

ETAPA 2: MONSANTO (ALCANENA) - CARTAXO, 29JUL01


Fotos da Etap@

Etapa n.º 2

Entre: MONSANTO E CARTAXO

Data: 29 de Julho de 2001

2. PARTIDA PARA A ETAPA

Monsanto (Alcanena) junto à fonte do Pião

3- DATA/HORA: 29 de Julho de 2001 às 12h00

4 – DADOS SOBRE A ETAPA:

Estado meteorológico: Céu limpo, tempo seco sem brisa e com muito calor.

Locais percorridos: Monsanto, Olhos d’Água, Chã de Cima, Casais das Milhariças, Casais da Ferreira, Santos, Advagar, vale de Flores, Casais de São Braz, Azóia de Baixo, Portela das Padeiras, Santarém, (mercado municipal, Jardim EPC, Praça de touros) Omnias, Vale de Santarém, Santana, Ribeira do Cartaxo, Cartaxo, (Praça de touros)

Concelhos Percorridos: Alcanena, Santarém e Cartaxo

Distritos Percorridos: Santarém

Tipos de piso percorridos: Asfalto, e maioritariamente estradões largos, planos e rolantes tipo macadame

Participantes na etapa: António Quina (ROTWILD RCC01), Miguel Ferreira (TREK 8500) e Paulo Ribeiro (SCOTT G-ZERO STRIKE FX-1) - elementos do Trilho Livre.

Distância Percorrida: 54,75 Kms.

Média quilométrica: 17,26 km/h

Velocidade máxima: 71,26 km/h

Tempo em andamento: 3h28m

5 – CHEGADA:

Local: Cartaxo, junto à praça de touros

Data/Hora: 29 de Julho de 2001 às 17h50m


6 – RELATO DETALHADO DA INCURSÃO:

O ENCONTRO:

Três bicicletas montadas no tejadilho do Ford Fiesta e abalámos em direcção a Monsanto. Depois de um tempo perdidos no meio de Alcanena lá atinámos com a direcção a tomar para Monsanto. Algumas curvas depois lá vimos, junto à Fonte do Pião, o Pedro Brites e o seu companheiro de viagem.

O TESTEMUNHO

Retirámos as bikes da sua posição altaneira e depois das apresentações e cumprimentos da ordem, o Pedro lá foi explicando e mostrando como era o testemunho (símbolo desta nossa etapa V@).

Constituído por elo e meio de corrente e enganchado a uma roleta de desviador Shimano, totalmente gasto, este nosso símbolo, visto assim, pouco mais parece que um original porta-chaves...

No entanto, à medida que cada participante ou grupo for acrescentando o seu elo e meio com 3 cm, lá para a 30ª etapa já o testemunho medirá mais de 1 metro !!!

Tirou-se de seguida a foto que “testemunha a entrega do testemunho” e o Pedro acompanhou-nos até à entrada do nosso percurso.

ARTIGO PRIMEIRO

Desejando-se mutuamente boa viagem de regresso, separámo-nos e o Pedro relembrou-nos o primeiro artigo desta estafeta, e que a não ser cumprido desvirtuará todo o princípio daquela:

“O testemunho tem que seguir sempre de bicicleta”

HORA DE PONTA NOS OLHOS D`ÀGUA

Fomos então pelo caminho traçado pelo CNC e assinalado pelos pequenos marcos de betão onde está incrustado o azulejo do “Caminho de Fátima”.

Seguimos em direcção aos olhos d’água, a nascente do Rio Alviela, seguindo por caminhos largos de terra batida, maioritariamente a descer que nos levaram rapidamente até a uma estreita ponte já na nascente do rio , quando tínhamos feitos 2,57 km.

Aqui, junto a uma escarpada falésia, onde alguns treinavam escalada, preparou-se a máquina para nos tirar uma foto no modo automático. “Ready, Set, Go” e corro para junto do Tó e do Miguel contando os segundos pré -disparo...

Eis que então, se ouve uma viatura a dirigir-se na nossa direcção.

“- vai estragar-nos a foto”- pensámos.

Mas, subitamente, do lado oposto da ponte surge outro veículo que faz estancar o primeiro, evitando assim que este se interpusesse entre a máquina fotográfica e nós, estragando, por cosequência, a foto.

“-Bolas qu´isto já parece a hora de ponta em Lisboa”

Mas não será possível condicionar o trânsito naquele local ??

Será que a invasão motorizada não poupa nada ??

Ainda por cima, a estreita ponte, assim como o caminho que lhe permite o acesso, só dá espaço para um carro à vez. Escusado será dizer que naquele momento se assistiu a mais uma típica cena do comum automobilista português: “Eu não recuo, recua tu !!!”E por lá ficaram, abandonados por nós que queríamos naquele dia evitar carros ao máximo.

Em vão...

Parece que o pessoal decidiu todo vir para os Olhos d’água naquele quente dia de Domingo !!!

Fizemos uma pequena paragem debaixo de uma acolhedora sombra junto à margem do rio, rodeados pelas imensas pessoas que se deliciavam na água ou que dormitavam debaixo de uma qualquer árvore.

Ingerimos o nosso primeiro nutrimento, na forma de barra energética e sentimo-nos tentados a dar um mergulho nas apetecíveis e asseadas águas. No entanto, com apenas dois quilómetros de viagem feitos e com ausência total de subidas até então, ainda não dera para suar. De modo que lá prosseguimos, deixando o mergulho para uma outra ocasião que não há-de faltar.

A PRIMEIRA SUBIDA.

Saindo dos Olhos d’água, virámos à direita e fomos paulatinamente subindo pelo alcatrão mas com pouco, muito pouco tráfego. O pior era que o calor já apertava e do asfalto emanava um bafo, parecendo que por vezes alguém abria o forno !!!

Foram aproximadamente três quilómetros pedalando neste tipo de piso fabricado, até que o abandonámos enveredando por um estradão que seguia entre os olivais e pinhais (felizmente com pouco eucaliptal)

O ESPANTALHO

Justamente uns metros antes da entrada na aldeia de Chã de Cima, descortinámos, mo meio de um terreno, um espantalho assaz original: Montado numa bicicleta modelo pasteleira “single speed” lá estava compenetrado no seu papel de “assusta aves”, o original boneco. Como é evidente não deixámos de registar o momento na forma de retrato.

OS MOINHOS

Passámos por Chã de Cima, descemos um pouco por alcatrão e facilmente ascendemos ao trio de moinhos junto à mesma localidade. Os três artefactos já estão desactivados ou mesmo em ruínas, mas mesmo que estivessem em pleno uso, duvido que neste dia funcionassem: É que não soprava uma brisa !!!

Estávamos aqui com 9,53 Kms contabilizados e tirámos mais umas fotos que pudessem demonstrar a vista que do alto se tinha.

A descida que se seguiu em terra batida, apresentava alguma pedra solta, pelo que foi necessária alguma atenção, em especial nas curvas e contracurvas. Os meus “semi-slicks” então teimavam em querer derrapar nas alturas menos indicadas para tal.

NEVERENDING HILL

As localidades porque passámos a seguir, pareciam aldeias fantasma, pois por certo os seus habitantes encontraram sítios mais frescos para se protegerem da canícula. Foi assim em Casais das Milhariças e em Casais da Ferreira, respectivamente aos 11,16 km e 12,26 km. O que valia era que as dificuldades eram nulas, pois íamos rolando por pisos fáceis e planos sem problemas ascensionais...

Mas o que é bom sempre se acaba e a primeira subida, digna desse nome, da jornada mostrava-se à nossa frente...

Tem que ser, e o que tem que ser tem muita força !!!

Alguma força pensava eu.

Lá fomos subindo sobre a inclemência do calor, com as faces a ruborizarem-se. Pareciam achas na cara.

“- E a subida que nunca mais acaba, Talvez já a seguir àquela curva, Ainda não. Bolas, não vou olhar p´ra cima senão desmoralizo, baixa a cabeça e pedala. Oh crueldade, Oh sorte madrasta, mas porque é que eu me meto nisto, então não era melhor estar na piscina com um refrigerante na mão !?! Termina lá espécie de subida amaldiçoada pelo Demo. Senão terminas a seguir àquele gancho vou mas é desmontar e parar à sombrinha daquela árvore. Ah sombrinha tão bom que vai ser !!! Olha já terminou. Irra que esta foi agreste “

O que vale é que depois foi sempre a rolar até Santos, onde chegámos com 14,77 km marcados.

MAIS INCLINADA MAS MENOS AGRESTE.

Fomos novamente rolando a um ritmo vivo, quanto baste, e aos 18 km da viagem passámos por mais uma aldeia que não consegui identificar.

Indagar alguém sobre a toponímia da vila era coisa difícil porque não se encontrava vivalma.

“-Pudera com este calor o pessoal quer é sesta. Chamem-lhes parvos !!! “

“- Olha vamos é parar aqui nesta fonte à saída da aldeia, descansar um pouco e refrescar a cabeça, que parece que vem aí outra ascensão difícil.!!!

Descanso feito, lá fomos com ganas de vitória, subindo na relação 1:1. A meio da subida, debaixo de um alpendre arborizado, detecto um velhote, e sem interromper o meu lento andamento pergunto ofegante:

“-Boa tarde, qual o nome desta terra ??

“- Advagar”

“- Diga ??”

“- Advagar !!!”

“-.Ah, Ok, obrigado “

Exactamente, a de vagar, devagarinho, conforme exigia a magana da inclinada subida !!!

A CAPITAL DO GÓTICO

Aos 19,50 kms, estávamos em Vale de Flores e entrámos no Café, onde se consumiram avidamente uma bebidas frescas e se renovou com água gelada o depósito do CamelBak.

Mais recompostos e refrescados lá prosseguimos, novamente rolando em elevada cadência, passando aos 24,5 km por Casal de São Brás e aos 26,5 km por Azóia de Baixo, onde nos empoeirámos pelo estradão. Foi, no entanto, um par de quilómetros a circular à sombra do profuso arvoredo o que nos soube muito bem.

Aos 29 Km, aportámos à Portela das Padeiras, prenúncio de Santarém.

Entrámos no alcatrão da Nacional 3 e rumámos por aí, subindo até ao alto de Santarém, naquela que foi a última grande ascensão de relevo da etapa, e que culminou junto ao Jardim anexo à Escola Prática de Cavalaria e ao edifício do Mercado Municipal.

Vale a pena parar um pouco, enquanto se recupera da subida, e reparar nos azulejos com motivos que decoram o monumento.

Prosseguimos pela bela cidade que é Santarém, em direcção à praça de touros e descemos, sempre em asfalto, em direcção às Omnias.

Foi aqui que se atingiu a velocidade máxima do percurso (71 km/h), e que bem que soube o vento, embora quente, no rosto.

Passámos sob a ponte ferroviária, logo depois pela aldeia de Omnias, a seguir junto a um aeródromo e por baixo da “novel” ponte Capitão Salgueiro Maia, herói do 25 de Abril de 1974.

Deixámos, então o alcatrão, quase junto à típica aldeia avieira de Caneiras e entrámos num estradão em macadame, entre as searas de tomate e milho e algumas vinhas.

Foi aos 41,74 km que deixámos o caminho de Fátima e flectimos na direcção do Vale de Santarém.

Aqui, junto à ponte que atravessa o canal da Azambuja, também conhecido por Vala Real, progredimos por um “double track “ entre o frondoso arvoredo e o citado canal. Este canal é paralelo ao Tejo, foi mandado construir pelo Marquês de Pombal, tendo sido reconstruído em 1848 com a finalidade de enxugar os campos de Santarém. Hoje em dia o objectivo do canal é precisamente o inverso pois é utilizado para regar os campos agrícolas.

São quase 6 quilómetros em que se rola a bom ritmo, chegando assim em pouco tempo à bicentenária ponte da aldeia de Santana, nascida ao redor do apeadeiro ferroviário.

A partir daqui, foi seguir por asfalto passando pela Ribeira do Cartaxo e subir um pouco até ao Cartaxo, onde chegámos com quase 55 km “ciclometrados “e quando o calor intenso já amainava.

RELATOR:

Paulo Ribeiro

ETAPA 1: LEIRIA - MONSANTO (ALCANENA), 29JUL01


Etapa n.º 1

Entre: LEIRIA E MONSANTO

Data: 29 de Julho de 2001

2. PARTIDA PARA A ETAPA

Local de Partida: Leiria, Fonte Luminosa em frente ao Turismo

Data / Hora: 29 de Julho de 2001, 7:30 AM

3. DADOS SOBRE A ETAPA

Estado Meteorológico: Neblina matinal, céu limpo e vento fraco durante a manhã. Trovoada e aguaceiros a partir da tarde. Calor, muito calor.

Locais Percorridos: Leiria, S. Romão, Vidigal, Cortes, Casal Branco, Fontes (nascente do Lis), Alcaidaria, Reguengo do Fétal, Alqueidão da Serra, Covas Altas, Barrenta, Alvados (cruzamento), Grutas de Alvados, Serra de Sto. António e Monsanto

Concelhos Percorridos: Leiria, Batalha, Porto de Mós e Alcanena.

Distritos Percorridos: Leiria e Santarém.

Tipos de Piso Percorridos: Alcatrão por estradas secundárias com pouco movimento, alternando aqui e ali com alguns troços em terra, gravilha e pedra solta.

Elementos do Grupo e Bicicletas: Pedro Brites e Macedo Mota em Univega Alpina 550 e Specialized Rock Hopper A1

Distância percorrida: 42,97 km

Média Quilométrica: 14,18 km/h

Velocidade Máxima: 64 km/h

Tempo Efectivo Deslocação: 2h 53m

Cartas Militares nº *: 297; 308; 318; 328

4. CHEGADA

Local de Chegada: Monsanto, Fonte do Pião

Data / Hora de Chegada: 29 de Julho de 2001, 11h 31m

5. TRANSMISSÃO DE TESTEMUNHO

Testemunho Transmitido a: Paulo Ribeiro e companheiros do Trilho Livre

Em (local): Monsanto , Fonte do Pião

Data / Hora: por volta das 12h


6. RELATO DETALHADO DA INCURSÃO (sem limite de linhas):

A trouxa já estava feita de véspera, umas barras energéticas, três sandes, água e dinheiro que pelo caminho há onde comer. Saí de casa eram 7:10. Meia dúzia de pedaladas até ao cimo da rua e dois km a descer até à cidade.

Fonte Luminosa, o Macedo ainda não chegou, aproveito e procuro um local para pousar a máquina fotográfica para tirar uma foto com o temporizador. Lá vem o Macedo. Foto, já está! Vamos embora para aproveitar este fresquinho. E seguimos.

Passamos em frente à Fonte das Três Bicas, Igreja de Sto. Agostinho e mais à frente paragem para a primeira foto à saída da cidade. Viramos à esquerda para S. Romão e registo o primeiro parcial quando passamos na ponte sobre o Lis. A manhã está fresca mas aqui e ali a neblina vai ficando com tons de azul a querer dizer que não tarda aí o sol e o calor. Passada a ponte sobre o ribeiro da Curvachia, viramos à direita antes da subida. Não tarda estamos em Cortes onde tiramos mais uma foto junta à nora que teima em rodar, movida pela água do Lis. Não nos demoramos, porque o sol já espreita e estamos a subir em direcção a Abadia, mas pouco, porque entretanto viramos á direita para Fontes (nascente do Lis, local de visita obrigatório, principalmente depois das chuvas de inverno). Nesta aldeia passamos a ponte e seguimos pela direita até encontrar um corte á esquerda a subir, em frente à última casa da aldeia. Mais ao fundo, quando chegamos a Amoreira viramos à esquerda e entramos finalmente em terra pelas oliveiras. Este trilho tem alguma pedra e no inverno a última parte mais parece o leito de um rio. Cruzamos o alcatrão e seguimos pelo caminho da direita que passa em frente à casa, mais umas pedaladas e chegamos á estrada principal em Alcaidaria, onde seguimos pela esquerda. O Reguengo já está perto e só de pensar que vou tomar um segundo pequeno almoço até me dá vontade de acelerar. Saímos de Alcaidaria, depois de passar o corte para Torre, por uma rua à esquerda que sobe ligeiramente e que mais á frente se torna num caminho de terra. As primeiras imagens da Serra D'Aire aparecem no horizonte e a neblina já era. Chegados novamente ao alcatrão, descemos em direcção à estrada de Fátima. Tomamos a direcção do Santuário e antes de começar a subir, seguimos em frente entrando no Reguengo do Fétal. A seguir, na rua à direita que nos vai levar pelo vale, desligamos os ciclómetros e rumamos à pastelaria para "picar o cartão".

-Bom dia! A pedalar já, a esta hora?

Venham mas é daí duas sandes mistas, e um compal que a gente também gosta é disto. Vai mais um bolo e um café que a coisa agora promete. Já sabia que ia subir o vale com a comida ás voltas no estômago, mas depois o efeito seria compensador.

Até aqui rolámos por zonas rurais onde abundam as vinhas, os pomares e algumas hortas. Desníveis não houve nem qualquer tipo de dificuldade. Daqui para a frente tudo muda. Entramos no Parque natural das Serras D'Aire e Candeeiros (PNSAC), o verdadeiro reino da pedra.

Saímos da pastelaria e retomamos o nosso percurso, voltando a ligar os ciclómetros no mesmo local onde os desligámos. Deixamos as últimas casas para trás, entramos num estradão de brita e seguimos pelo magnífico vale do Reguengo em direcção ao Alqueidão da Serra (capital da calçada Portuguesa). Este vale é muito bonito. De um lado os montes encimados por afloramentos calcários que parecem ruínas de castelos. Do outro matas de carvalhos divididos com muros de pedra.

-Macedo! Hoje não vamos pelo Jurássico. Vamos pela pedreira que é mais directo .

Chegamos ao Alqueidão e junto ao Cruzeiro viramos à esquerda em direcção à pedreira. Aqui ao lado há um pequeno troço de uma estrada Romana que pode ser visitado. Por aqui é realmente mais directo mas sobe-se o mesmo. Paro um pouco e a vista começa estender-se para Oeste. Aqui começamos a ter a noção de que estamos realmente a subir e que o esforço não é em vão. Vamos mas é continuar a subir que já falta pouco. Passamos a pedreira e lá mais à frente uma placa feita em calçada Portuguesa indica "MIRADOURO" . É o Jurássico. Em dias limpos de Inverno é possível ver as Berlengas, o Sítio da Nazaré e a Serra da Boa Viagem na Figueira da Foz. Mais perto vemos o castelo de Porto de Mós, o Mosteiro da Batalha e lá mais ao fundo o Castelo de Leiria. Para norte o sicó e a Lousã. Sem dúvida um desvio que vale a pena fazer. Mas hoje o objectivo é outro e o Jurássico já nos é familiar, por isso continuamos. Depois do cruzamento para o Miradouro, quase no cimo da subida, saímos do alcatrão e viramos à direita por um estradão que sobe ligeiramente. Daqui para Alvados não há mais subidas e temos duas formas de abordar o trajecto. Ou continuamos calmamente captando a beleza do PNSAC ou aproveitamos a tendência descendente dos trilhos para pedalar forte e acelerar um pouco.

- Macedo! Vamos mas é com calma que ainda nem sequer chegámos e ainda temos depois de voltar .

Iniciamos então a descida suavemente. Quando chegamos aos eucaliptos viramos á esquerda e mais à frente cruzamos o alcatrão em Covas Altas. Do outro lado seguimos por um carreiro sobre a esquerda que segue entre muros e que ao fundo entra num caminho mais largo. Alguns pinheiros e viramos à esquerda por um estradão de bom piso que desce pelo meio de campos amanhados. No final da descida mais eucaliptos, voltamos novamente à esquerda e continuamos a nossa tendência descendente até ao alcatrão em Barrenta, onde seguimos pela direita. Entretanto o Sol afastou a neblina e o dia começa a aquecer, não há vento e o PNSAC não proporciona sombras. Na última casa da Barrenta, junto a uma placa que nos deseja "BOA VIAGEM" entramos à esquerda por um caminho de terra que desce. Pensei para comigo "hoje vou descer isto tudo sem travar". Não fui capaz! Apesar de alguns arranhões iniciais provocados por silvas que teimam em invadir o caminho, as curvas apertadas na parte final fizeram-me perder a aposta. É aqui numa zona com sobreiros que viramos à esquerda para de seguida chegarmos ao alcatrão da estrada que liga Porto de Mós a Mira D'Aire. Por detrás da vegetação já se vê o tom castanho da costa de Alvados. Seguimos pelo alcatrão para a esquerda e logo à frente, numa berma mais larga, aí está o vale de Alvados, com a localidade encostada ao Castelejo (afloramento rochoso) e sózinho lá no meio o edifício de apoio ás actividades de ar livre. À nossa frente a imponente Costa de Alvados com os seus filamentos de pedra a traçarem-na de ponta a ponta.

- Pedro! Afinal as Grutas de Alvados são já ali em cima. Pensei que se tivesse de subir mais!-

Pois, pois! O pior é que quando virámos à direita para as Grutas, descemos, descemos, descemos e depois subimos, subimos, subimos. Foi a subida do dia. Nada de especial, alcatrão, bom piso mas o calor é que está aqui a mais.

- Como é? Comemos aqui um gelado no bar das Grutas?

- Eu gelado não quero.

- OK ! Então seguimos.

- Mas não me importo de parar um pouco

- Então eu também não me importo e como um gelado.

Ora cá estamos nós sentados na esplanada, com o vale de Alvados à nossa frente, eu a comer um gelado daquela marca que até o Cristo Rei gosta, e o Macedo a descansar em grande convívio com umas formigas que apareceram por ali. Mais importante ainda: só falta uma subida que só fiz a descer e na altura fiquei com a ideia que tem um piso muito mau.

A partir das Grutas de Alvados podemos optar por seguir por alcatrão, passando pelas Grutas de Sto. António e seguindo depois para Serra de Sto. António. Esta opção não é mais fácil, porque também se sobe, mas passa por um miradouro onde se tem uma vista magnífica do Polje de Minde. Como nós já conhecemos, vamos aumentar a percentagem de piso em terra (pedra neste caso) e atalhamos pela tal subida.

Das Grutas há uma estrada mais antiga que desce para Alvados. É por aí que seguimos a descer.

- Bom dia pessoal !

Três camaradas que vêm ofegantes em sentido ascendente. A estrada faz um gancho à direita e à esquerda lá está o início da tal subida. Pedra aqui, pedra ali, afinal isto é canja ou então somos uns toscos quando é a descer (vou mais pela segunda hipótese). Mais em cima temos à direita o vale da Canada com os muros de pedra a formarem desenhos engraçados. Do outro lado, uns eucaliptos isolados marcam a proximidade do Algar do Ladoeiro. Merece a visita mas há que ter cuidado para não cair lá dentro. Entretanto chegamos novamente ao mesmo alcatrão que deixámos nas grutas de Alvados, seguimos pela direita e fazemos a última lomba.

- Oh! Macedo! Tira aqui uma foto quando eu for a passar em frente ao caminho que dá acesso ao Algar do Ladoeiro que é para o pessoal ter uma referência.

Daqui de cima deste local vemos um mar de pedra à nossa frente, estamos no coração do PNSAC. A gravidade leva-nos até a Serra de Sto. António onde paramos nas traseiras da Capela. Estamos numa encruzilhada mas com alguma atenção lá descobrimos, em frente ao café, a placa a indicar a direcção de Monsanto. Foi a partir daqui que pela primeira vez meti a pedaleira grande, mas rapidamente a tirei porque embora quase sempre a descer, a inclinação não é muita e a ideia de que tinha de pedalar de regresso a Leiria fez-me refrear a vontade de chegar a Monsanto. Por aqui parece que ainda há mais pedra (como se isso fosse possível). Parece que as oliveiras nascem das pedras, e será que as vacas que aqui pastam comem pedra. Será que está aqui a explicação para o facto de grande parte da carne de vaca ser tão rija.

Continuamos. Mais à frente passamos por um senhor (novo por sinal) que está a construir um muro. É verdade! Um muro de pedra como os milhares de muros de pedra que por aqui há. Sem cimento nem tijolo, só pedra. O tipo parece entendido e lá vai piscando o olho para ver se o muro está a ficar direito. Para mim este homem é um artista, o muro está direitinho.

Aproveito o bom piso e o nenhum movimento de outras viaturas para tirar umas fotos em andamento. De repente... brrrrrrrrrrrrr.... a máquina começa a rebobinar e não há mais rolo.

-Bolas! E agora? Como é que eu tiro fotos da entrega do Testemunho?

Bem o Paulo Ribeiro deve ter uma máquina e vai ser ele a fotografar o momento.

A descida agora é mais forte, passamos o corte para o Covão do Feto e eis-nos chegados a Monsanto. Rumamos à Fonte do Pião e somos os primeiro a chegar. São 11h 31m e o ciclómetro marca quase 43 km.

Entretanto aparece um carro com três bicicletas em cima. São eles.

- Bom dia! Então malta!

Apresentações, cumprimentos e as fotos do grande momento da passagem do Testemunho (como é óbvio, o Paulo tinha uma máquina). Depois de alguma conversa, sigo com os três até os deixar no local onde passa o Caminho do Tejo. Despedida,

-Boa sorte, e não se esqueçam que o Testemunho tem de seguir sempre de bicicleta! .

E lá vão eles em direcção ás nascentes do Alviela.

E agora (nostálgico)? Quando é que volto a transportar o Testemunho? Regresso à fonte onde o azarado Macedo ficou a remendar um furo que se revelou só depois de estarmos parados há um bom bocado.

Da minha parte, missão cumprida com muito gozo. Penso que á medida que a Estafeta avançar, a responsabilidade de quem transporta o Testemunho irá aumentar. Afinal quem é que se atreve a interromper uma coisa que outros se empenharam tanto em concretizar? Por outro lado essa maior responsabilidade também aumenta o simbolismo que se gera à volta do Testemunho e a motivação para o fazer seguir.

Boa sorte a todos os que participarem nesta aventura e muito obrigado por tornarem uma realidade esta minha ideia que se tornou num projecto NOSSO.

O regresso é outra história que até meteu chuva e mais 52 km.

Data: 31 de Julho de 2001

Relator: Pedro Brites