domingo, 29 de julho de 2001

ETAPA 2: MONSANTO (ALCANENA) - CARTAXO, 29JUL01


Fotos da Etap@

Etapa n.º 2

Entre: MONSANTO E CARTAXO

Data: 29 de Julho de 2001

2. PARTIDA PARA A ETAPA

Monsanto (Alcanena) junto à fonte do Pião

3- DATA/HORA: 29 de Julho de 2001 às 12h00

4 – DADOS SOBRE A ETAPA:

Estado meteorológico: Céu limpo, tempo seco sem brisa e com muito calor.

Locais percorridos: Monsanto, Olhos d’Água, Chã de Cima, Casais das Milhariças, Casais da Ferreira, Santos, Advagar, vale de Flores, Casais de São Braz, Azóia de Baixo, Portela das Padeiras, Santarém, (mercado municipal, Jardim EPC, Praça de touros) Omnias, Vale de Santarém, Santana, Ribeira do Cartaxo, Cartaxo, (Praça de touros)

Concelhos Percorridos: Alcanena, Santarém e Cartaxo

Distritos Percorridos: Santarém

Tipos de piso percorridos: Asfalto, e maioritariamente estradões largos, planos e rolantes tipo macadame

Participantes na etapa: António Quina (ROTWILD RCC01), Miguel Ferreira (TREK 8500) e Paulo Ribeiro (SCOTT G-ZERO STRIKE FX-1) - elementos do Trilho Livre.

Distância Percorrida: 54,75 Kms.

Média quilométrica: 17,26 km/h

Velocidade máxima: 71,26 km/h

Tempo em andamento: 3h28m

5 – CHEGADA:

Local: Cartaxo, junto à praça de touros

Data/Hora: 29 de Julho de 2001 às 17h50m


6 – RELATO DETALHADO DA INCURSÃO:

O ENCONTRO:

Três bicicletas montadas no tejadilho do Ford Fiesta e abalámos em direcção a Monsanto. Depois de um tempo perdidos no meio de Alcanena lá atinámos com a direcção a tomar para Monsanto. Algumas curvas depois lá vimos, junto à Fonte do Pião, o Pedro Brites e o seu companheiro de viagem.

O TESTEMUNHO

Retirámos as bikes da sua posição altaneira e depois das apresentações e cumprimentos da ordem, o Pedro lá foi explicando e mostrando como era o testemunho (símbolo desta nossa etapa V@).

Constituído por elo e meio de corrente e enganchado a uma roleta de desviador Shimano, totalmente gasto, este nosso símbolo, visto assim, pouco mais parece que um original porta-chaves...

No entanto, à medida que cada participante ou grupo for acrescentando o seu elo e meio com 3 cm, lá para a 30ª etapa já o testemunho medirá mais de 1 metro !!!

Tirou-se de seguida a foto que “testemunha a entrega do testemunho” e o Pedro acompanhou-nos até à entrada do nosso percurso.

ARTIGO PRIMEIRO

Desejando-se mutuamente boa viagem de regresso, separámo-nos e o Pedro relembrou-nos o primeiro artigo desta estafeta, e que a não ser cumprido desvirtuará todo o princípio daquela:

“O testemunho tem que seguir sempre de bicicleta”

HORA DE PONTA NOS OLHOS D`ÀGUA

Fomos então pelo caminho traçado pelo CNC e assinalado pelos pequenos marcos de betão onde está incrustado o azulejo do “Caminho de Fátima”.

Seguimos em direcção aos olhos d’água, a nascente do Rio Alviela, seguindo por caminhos largos de terra batida, maioritariamente a descer que nos levaram rapidamente até a uma estreita ponte já na nascente do rio , quando tínhamos feitos 2,57 km.

Aqui, junto a uma escarpada falésia, onde alguns treinavam escalada, preparou-se a máquina para nos tirar uma foto no modo automático. “Ready, Set, Go” e corro para junto do Tó e do Miguel contando os segundos pré -disparo...

Eis que então, se ouve uma viatura a dirigir-se na nossa direcção.

“- vai estragar-nos a foto”- pensámos.

Mas, subitamente, do lado oposto da ponte surge outro veículo que faz estancar o primeiro, evitando assim que este se interpusesse entre a máquina fotográfica e nós, estragando, por cosequência, a foto.

“-Bolas qu´isto já parece a hora de ponta em Lisboa”

Mas não será possível condicionar o trânsito naquele local ??

Será que a invasão motorizada não poupa nada ??

Ainda por cima, a estreita ponte, assim como o caminho que lhe permite o acesso, só dá espaço para um carro à vez. Escusado será dizer que naquele momento se assistiu a mais uma típica cena do comum automobilista português: “Eu não recuo, recua tu !!!”E por lá ficaram, abandonados por nós que queríamos naquele dia evitar carros ao máximo.

Em vão...

Parece que o pessoal decidiu todo vir para os Olhos d’água naquele quente dia de Domingo !!!

Fizemos uma pequena paragem debaixo de uma acolhedora sombra junto à margem do rio, rodeados pelas imensas pessoas que se deliciavam na água ou que dormitavam debaixo de uma qualquer árvore.

Ingerimos o nosso primeiro nutrimento, na forma de barra energética e sentimo-nos tentados a dar um mergulho nas apetecíveis e asseadas águas. No entanto, com apenas dois quilómetros de viagem feitos e com ausência total de subidas até então, ainda não dera para suar. De modo que lá prosseguimos, deixando o mergulho para uma outra ocasião que não há-de faltar.

A PRIMEIRA SUBIDA.

Saindo dos Olhos d’água, virámos à direita e fomos paulatinamente subindo pelo alcatrão mas com pouco, muito pouco tráfego. O pior era que o calor já apertava e do asfalto emanava um bafo, parecendo que por vezes alguém abria o forno !!!

Foram aproximadamente três quilómetros pedalando neste tipo de piso fabricado, até que o abandonámos enveredando por um estradão que seguia entre os olivais e pinhais (felizmente com pouco eucaliptal)

O ESPANTALHO

Justamente uns metros antes da entrada na aldeia de Chã de Cima, descortinámos, mo meio de um terreno, um espantalho assaz original: Montado numa bicicleta modelo pasteleira “single speed” lá estava compenetrado no seu papel de “assusta aves”, o original boneco. Como é evidente não deixámos de registar o momento na forma de retrato.

OS MOINHOS

Passámos por Chã de Cima, descemos um pouco por alcatrão e facilmente ascendemos ao trio de moinhos junto à mesma localidade. Os três artefactos já estão desactivados ou mesmo em ruínas, mas mesmo que estivessem em pleno uso, duvido que neste dia funcionassem: É que não soprava uma brisa !!!

Estávamos aqui com 9,53 Kms contabilizados e tirámos mais umas fotos que pudessem demonstrar a vista que do alto se tinha.

A descida que se seguiu em terra batida, apresentava alguma pedra solta, pelo que foi necessária alguma atenção, em especial nas curvas e contracurvas. Os meus “semi-slicks” então teimavam em querer derrapar nas alturas menos indicadas para tal.

NEVERENDING HILL

As localidades porque passámos a seguir, pareciam aldeias fantasma, pois por certo os seus habitantes encontraram sítios mais frescos para se protegerem da canícula. Foi assim em Casais das Milhariças e em Casais da Ferreira, respectivamente aos 11,16 km e 12,26 km. O que valia era que as dificuldades eram nulas, pois íamos rolando por pisos fáceis e planos sem problemas ascensionais...

Mas o que é bom sempre se acaba e a primeira subida, digna desse nome, da jornada mostrava-se à nossa frente...

Tem que ser, e o que tem que ser tem muita força !!!

Alguma força pensava eu.

Lá fomos subindo sobre a inclemência do calor, com as faces a ruborizarem-se. Pareciam achas na cara.

“- E a subida que nunca mais acaba, Talvez já a seguir àquela curva, Ainda não. Bolas, não vou olhar p´ra cima senão desmoralizo, baixa a cabeça e pedala. Oh crueldade, Oh sorte madrasta, mas porque é que eu me meto nisto, então não era melhor estar na piscina com um refrigerante na mão !?! Termina lá espécie de subida amaldiçoada pelo Demo. Senão terminas a seguir àquele gancho vou mas é desmontar e parar à sombrinha daquela árvore. Ah sombrinha tão bom que vai ser !!! Olha já terminou. Irra que esta foi agreste “

O que vale é que depois foi sempre a rolar até Santos, onde chegámos com 14,77 km marcados.

MAIS INCLINADA MAS MENOS AGRESTE.

Fomos novamente rolando a um ritmo vivo, quanto baste, e aos 18 km da viagem passámos por mais uma aldeia que não consegui identificar.

Indagar alguém sobre a toponímia da vila era coisa difícil porque não se encontrava vivalma.

“-Pudera com este calor o pessoal quer é sesta. Chamem-lhes parvos !!! “

“- Olha vamos é parar aqui nesta fonte à saída da aldeia, descansar um pouco e refrescar a cabeça, que parece que vem aí outra ascensão difícil.!!!

Descanso feito, lá fomos com ganas de vitória, subindo na relação 1:1. A meio da subida, debaixo de um alpendre arborizado, detecto um velhote, e sem interromper o meu lento andamento pergunto ofegante:

“-Boa tarde, qual o nome desta terra ??

“- Advagar”

“- Diga ??”

“- Advagar !!!”

“-.Ah, Ok, obrigado “

Exactamente, a de vagar, devagarinho, conforme exigia a magana da inclinada subida !!!

A CAPITAL DO GÓTICO

Aos 19,50 kms, estávamos em Vale de Flores e entrámos no Café, onde se consumiram avidamente uma bebidas frescas e se renovou com água gelada o depósito do CamelBak.

Mais recompostos e refrescados lá prosseguimos, novamente rolando em elevada cadência, passando aos 24,5 km por Casal de São Brás e aos 26,5 km por Azóia de Baixo, onde nos empoeirámos pelo estradão. Foi, no entanto, um par de quilómetros a circular à sombra do profuso arvoredo o que nos soube muito bem.

Aos 29 Km, aportámos à Portela das Padeiras, prenúncio de Santarém.

Entrámos no alcatrão da Nacional 3 e rumámos por aí, subindo até ao alto de Santarém, naquela que foi a última grande ascensão de relevo da etapa, e que culminou junto ao Jardim anexo à Escola Prática de Cavalaria e ao edifício do Mercado Municipal.

Vale a pena parar um pouco, enquanto se recupera da subida, e reparar nos azulejos com motivos que decoram o monumento.

Prosseguimos pela bela cidade que é Santarém, em direcção à praça de touros e descemos, sempre em asfalto, em direcção às Omnias.

Foi aqui que se atingiu a velocidade máxima do percurso (71 km/h), e que bem que soube o vento, embora quente, no rosto.

Passámos sob a ponte ferroviária, logo depois pela aldeia de Omnias, a seguir junto a um aeródromo e por baixo da “novel” ponte Capitão Salgueiro Maia, herói do 25 de Abril de 1974.

Deixámos, então o alcatrão, quase junto à típica aldeia avieira de Caneiras e entrámos num estradão em macadame, entre as searas de tomate e milho e algumas vinhas.

Foi aos 41,74 km que deixámos o caminho de Fátima e flectimos na direcção do Vale de Santarém.

Aqui, junto à ponte que atravessa o canal da Azambuja, também conhecido por Vala Real, progredimos por um “double track “ entre o frondoso arvoredo e o citado canal. Este canal é paralelo ao Tejo, foi mandado construir pelo Marquês de Pombal, tendo sido reconstruído em 1848 com a finalidade de enxugar os campos de Santarém. Hoje em dia o objectivo do canal é precisamente o inverso pois é utilizado para regar os campos agrícolas.

São quase 6 quilómetros em que se rola a bom ritmo, chegando assim em pouco tempo à bicentenária ponte da aldeia de Santana, nascida ao redor do apeadeiro ferroviário.

A partir daqui, foi seguir por asfalto passando pela Ribeira do Cartaxo e subir um pouco até ao Cartaxo, onde chegámos com quase 55 km “ciclometrados “e quando o calor intenso já amainava.

RELATOR:

Paulo Ribeiro

ETAPA 1: LEIRIA - MONSANTO (ALCANENA), 29JUL01


Etapa n.º 1

Entre: LEIRIA E MONSANTO

Data: 29 de Julho de 2001

2. PARTIDA PARA A ETAPA

Local de Partida: Leiria, Fonte Luminosa em frente ao Turismo

Data / Hora: 29 de Julho de 2001, 7:30 AM

3. DADOS SOBRE A ETAPA

Estado Meteorológico: Neblina matinal, céu limpo e vento fraco durante a manhã. Trovoada e aguaceiros a partir da tarde. Calor, muito calor.

Locais Percorridos: Leiria, S. Romão, Vidigal, Cortes, Casal Branco, Fontes (nascente do Lis), Alcaidaria, Reguengo do Fétal, Alqueidão da Serra, Covas Altas, Barrenta, Alvados (cruzamento), Grutas de Alvados, Serra de Sto. António e Monsanto

Concelhos Percorridos: Leiria, Batalha, Porto de Mós e Alcanena.

Distritos Percorridos: Leiria e Santarém.

Tipos de Piso Percorridos: Alcatrão por estradas secundárias com pouco movimento, alternando aqui e ali com alguns troços em terra, gravilha e pedra solta.

Elementos do Grupo e Bicicletas: Pedro Brites e Macedo Mota em Univega Alpina 550 e Specialized Rock Hopper A1

Distância percorrida: 42,97 km

Média Quilométrica: 14,18 km/h

Velocidade Máxima: 64 km/h

Tempo Efectivo Deslocação: 2h 53m

Cartas Militares nº *: 297; 308; 318; 328

4. CHEGADA

Local de Chegada: Monsanto, Fonte do Pião

Data / Hora de Chegada: 29 de Julho de 2001, 11h 31m

5. TRANSMISSÃO DE TESTEMUNHO

Testemunho Transmitido a: Paulo Ribeiro e companheiros do Trilho Livre

Em (local): Monsanto , Fonte do Pião

Data / Hora: por volta das 12h


6. RELATO DETALHADO DA INCURSÃO (sem limite de linhas):

A trouxa já estava feita de véspera, umas barras energéticas, três sandes, água e dinheiro que pelo caminho há onde comer. Saí de casa eram 7:10. Meia dúzia de pedaladas até ao cimo da rua e dois km a descer até à cidade.

Fonte Luminosa, o Macedo ainda não chegou, aproveito e procuro um local para pousar a máquina fotográfica para tirar uma foto com o temporizador. Lá vem o Macedo. Foto, já está! Vamos embora para aproveitar este fresquinho. E seguimos.

Passamos em frente à Fonte das Três Bicas, Igreja de Sto. Agostinho e mais à frente paragem para a primeira foto à saída da cidade. Viramos à esquerda para S. Romão e registo o primeiro parcial quando passamos na ponte sobre o Lis. A manhã está fresca mas aqui e ali a neblina vai ficando com tons de azul a querer dizer que não tarda aí o sol e o calor. Passada a ponte sobre o ribeiro da Curvachia, viramos à direita antes da subida. Não tarda estamos em Cortes onde tiramos mais uma foto junta à nora que teima em rodar, movida pela água do Lis. Não nos demoramos, porque o sol já espreita e estamos a subir em direcção a Abadia, mas pouco, porque entretanto viramos á direita para Fontes (nascente do Lis, local de visita obrigatório, principalmente depois das chuvas de inverno). Nesta aldeia passamos a ponte e seguimos pela direita até encontrar um corte á esquerda a subir, em frente à última casa da aldeia. Mais ao fundo, quando chegamos a Amoreira viramos à esquerda e entramos finalmente em terra pelas oliveiras. Este trilho tem alguma pedra e no inverno a última parte mais parece o leito de um rio. Cruzamos o alcatrão e seguimos pelo caminho da direita que passa em frente à casa, mais umas pedaladas e chegamos á estrada principal em Alcaidaria, onde seguimos pela esquerda. O Reguengo já está perto e só de pensar que vou tomar um segundo pequeno almoço até me dá vontade de acelerar. Saímos de Alcaidaria, depois de passar o corte para Torre, por uma rua à esquerda que sobe ligeiramente e que mais á frente se torna num caminho de terra. As primeiras imagens da Serra D'Aire aparecem no horizonte e a neblina já era. Chegados novamente ao alcatrão, descemos em direcção à estrada de Fátima. Tomamos a direcção do Santuário e antes de começar a subir, seguimos em frente entrando no Reguengo do Fétal. A seguir, na rua à direita que nos vai levar pelo vale, desligamos os ciclómetros e rumamos à pastelaria para "picar o cartão".

-Bom dia! A pedalar já, a esta hora?

Venham mas é daí duas sandes mistas, e um compal que a gente também gosta é disto. Vai mais um bolo e um café que a coisa agora promete. Já sabia que ia subir o vale com a comida ás voltas no estômago, mas depois o efeito seria compensador.

Até aqui rolámos por zonas rurais onde abundam as vinhas, os pomares e algumas hortas. Desníveis não houve nem qualquer tipo de dificuldade. Daqui para a frente tudo muda. Entramos no Parque natural das Serras D'Aire e Candeeiros (PNSAC), o verdadeiro reino da pedra.

Saímos da pastelaria e retomamos o nosso percurso, voltando a ligar os ciclómetros no mesmo local onde os desligámos. Deixamos as últimas casas para trás, entramos num estradão de brita e seguimos pelo magnífico vale do Reguengo em direcção ao Alqueidão da Serra (capital da calçada Portuguesa). Este vale é muito bonito. De um lado os montes encimados por afloramentos calcários que parecem ruínas de castelos. Do outro matas de carvalhos divididos com muros de pedra.

-Macedo! Hoje não vamos pelo Jurássico. Vamos pela pedreira que é mais directo .

Chegamos ao Alqueidão e junto ao Cruzeiro viramos à esquerda em direcção à pedreira. Aqui ao lado há um pequeno troço de uma estrada Romana que pode ser visitado. Por aqui é realmente mais directo mas sobe-se o mesmo. Paro um pouco e a vista começa estender-se para Oeste. Aqui começamos a ter a noção de que estamos realmente a subir e que o esforço não é em vão. Vamos mas é continuar a subir que já falta pouco. Passamos a pedreira e lá mais à frente uma placa feita em calçada Portuguesa indica "MIRADOURO" . É o Jurássico. Em dias limpos de Inverno é possível ver as Berlengas, o Sítio da Nazaré e a Serra da Boa Viagem na Figueira da Foz. Mais perto vemos o castelo de Porto de Mós, o Mosteiro da Batalha e lá mais ao fundo o Castelo de Leiria. Para norte o sicó e a Lousã. Sem dúvida um desvio que vale a pena fazer. Mas hoje o objectivo é outro e o Jurássico já nos é familiar, por isso continuamos. Depois do cruzamento para o Miradouro, quase no cimo da subida, saímos do alcatrão e viramos à direita por um estradão que sobe ligeiramente. Daqui para Alvados não há mais subidas e temos duas formas de abordar o trajecto. Ou continuamos calmamente captando a beleza do PNSAC ou aproveitamos a tendência descendente dos trilhos para pedalar forte e acelerar um pouco.

- Macedo! Vamos mas é com calma que ainda nem sequer chegámos e ainda temos depois de voltar .

Iniciamos então a descida suavemente. Quando chegamos aos eucaliptos viramos á esquerda e mais à frente cruzamos o alcatrão em Covas Altas. Do outro lado seguimos por um carreiro sobre a esquerda que segue entre muros e que ao fundo entra num caminho mais largo. Alguns pinheiros e viramos à esquerda por um estradão de bom piso que desce pelo meio de campos amanhados. No final da descida mais eucaliptos, voltamos novamente à esquerda e continuamos a nossa tendência descendente até ao alcatrão em Barrenta, onde seguimos pela direita. Entretanto o Sol afastou a neblina e o dia começa a aquecer, não há vento e o PNSAC não proporciona sombras. Na última casa da Barrenta, junto a uma placa que nos deseja "BOA VIAGEM" entramos à esquerda por um caminho de terra que desce. Pensei para comigo "hoje vou descer isto tudo sem travar". Não fui capaz! Apesar de alguns arranhões iniciais provocados por silvas que teimam em invadir o caminho, as curvas apertadas na parte final fizeram-me perder a aposta. É aqui numa zona com sobreiros que viramos à esquerda para de seguida chegarmos ao alcatrão da estrada que liga Porto de Mós a Mira D'Aire. Por detrás da vegetação já se vê o tom castanho da costa de Alvados. Seguimos pelo alcatrão para a esquerda e logo à frente, numa berma mais larga, aí está o vale de Alvados, com a localidade encostada ao Castelejo (afloramento rochoso) e sózinho lá no meio o edifício de apoio ás actividades de ar livre. À nossa frente a imponente Costa de Alvados com os seus filamentos de pedra a traçarem-na de ponta a ponta.

- Pedro! Afinal as Grutas de Alvados são já ali em cima. Pensei que se tivesse de subir mais!-

Pois, pois! O pior é que quando virámos à direita para as Grutas, descemos, descemos, descemos e depois subimos, subimos, subimos. Foi a subida do dia. Nada de especial, alcatrão, bom piso mas o calor é que está aqui a mais.

- Como é? Comemos aqui um gelado no bar das Grutas?

- Eu gelado não quero.

- OK ! Então seguimos.

- Mas não me importo de parar um pouco

- Então eu também não me importo e como um gelado.

Ora cá estamos nós sentados na esplanada, com o vale de Alvados à nossa frente, eu a comer um gelado daquela marca que até o Cristo Rei gosta, e o Macedo a descansar em grande convívio com umas formigas que apareceram por ali. Mais importante ainda: só falta uma subida que só fiz a descer e na altura fiquei com a ideia que tem um piso muito mau.

A partir das Grutas de Alvados podemos optar por seguir por alcatrão, passando pelas Grutas de Sto. António e seguindo depois para Serra de Sto. António. Esta opção não é mais fácil, porque também se sobe, mas passa por um miradouro onde se tem uma vista magnífica do Polje de Minde. Como nós já conhecemos, vamos aumentar a percentagem de piso em terra (pedra neste caso) e atalhamos pela tal subida.

Das Grutas há uma estrada mais antiga que desce para Alvados. É por aí que seguimos a descer.

- Bom dia pessoal !

Três camaradas que vêm ofegantes em sentido ascendente. A estrada faz um gancho à direita e à esquerda lá está o início da tal subida. Pedra aqui, pedra ali, afinal isto é canja ou então somos uns toscos quando é a descer (vou mais pela segunda hipótese). Mais em cima temos à direita o vale da Canada com os muros de pedra a formarem desenhos engraçados. Do outro lado, uns eucaliptos isolados marcam a proximidade do Algar do Ladoeiro. Merece a visita mas há que ter cuidado para não cair lá dentro. Entretanto chegamos novamente ao mesmo alcatrão que deixámos nas grutas de Alvados, seguimos pela direita e fazemos a última lomba.

- Oh! Macedo! Tira aqui uma foto quando eu for a passar em frente ao caminho que dá acesso ao Algar do Ladoeiro que é para o pessoal ter uma referência.

Daqui de cima deste local vemos um mar de pedra à nossa frente, estamos no coração do PNSAC. A gravidade leva-nos até a Serra de Sto. António onde paramos nas traseiras da Capela. Estamos numa encruzilhada mas com alguma atenção lá descobrimos, em frente ao café, a placa a indicar a direcção de Monsanto. Foi a partir daqui que pela primeira vez meti a pedaleira grande, mas rapidamente a tirei porque embora quase sempre a descer, a inclinação não é muita e a ideia de que tinha de pedalar de regresso a Leiria fez-me refrear a vontade de chegar a Monsanto. Por aqui parece que ainda há mais pedra (como se isso fosse possível). Parece que as oliveiras nascem das pedras, e será que as vacas que aqui pastam comem pedra. Será que está aqui a explicação para o facto de grande parte da carne de vaca ser tão rija.

Continuamos. Mais à frente passamos por um senhor (novo por sinal) que está a construir um muro. É verdade! Um muro de pedra como os milhares de muros de pedra que por aqui há. Sem cimento nem tijolo, só pedra. O tipo parece entendido e lá vai piscando o olho para ver se o muro está a ficar direito. Para mim este homem é um artista, o muro está direitinho.

Aproveito o bom piso e o nenhum movimento de outras viaturas para tirar umas fotos em andamento. De repente... brrrrrrrrrrrrr.... a máquina começa a rebobinar e não há mais rolo.

-Bolas! E agora? Como é que eu tiro fotos da entrega do Testemunho?

Bem o Paulo Ribeiro deve ter uma máquina e vai ser ele a fotografar o momento.

A descida agora é mais forte, passamos o corte para o Covão do Feto e eis-nos chegados a Monsanto. Rumamos à Fonte do Pião e somos os primeiro a chegar. São 11h 31m e o ciclómetro marca quase 43 km.

Entretanto aparece um carro com três bicicletas em cima. São eles.

- Bom dia! Então malta!

Apresentações, cumprimentos e as fotos do grande momento da passagem do Testemunho (como é óbvio, o Paulo tinha uma máquina). Depois de alguma conversa, sigo com os três até os deixar no local onde passa o Caminho do Tejo. Despedida,

-Boa sorte, e não se esqueçam que o Testemunho tem de seguir sempre de bicicleta! .

E lá vão eles em direcção ás nascentes do Alviela.

E agora (nostálgico)? Quando é que volto a transportar o Testemunho? Regresso à fonte onde o azarado Macedo ficou a remendar um furo que se revelou só depois de estarmos parados há um bom bocado.

Da minha parte, missão cumprida com muito gozo. Penso que á medida que a Estafeta avançar, a responsabilidade de quem transporta o Testemunho irá aumentar. Afinal quem é que se atreve a interromper uma coisa que outros se empenharam tanto em concretizar? Por outro lado essa maior responsabilidade também aumenta o simbolismo que se gera à volta do Testemunho e a motivação para o fazer seguir.

Boa sorte a todos os que participarem nesta aventura e muito obrigado por tornarem uma realidade esta minha ideia que se tornou num projecto NOSSO.

O regresso é outra história que até meteu chuva e mais 52 km.

Data: 31 de Julho de 2001

Relator: Pedro Brites