domingo, 6 de janeiro de 2002

ETAPA 6: MAFRA - COLARES, 06JAN02


Etap@ n.º 6

Entre: Mafra e Colares

Data: 06 Janeiro 2002

1. PARTIDA PARA A ETAPA

Local de Partida: Mafra (Mafra)

Data / Hora: 06 Janeiro de 2002, 10h00

2. DADOS SOBRE A ETAPA

Estado meteorológico: tempo seco, dia solarengo,

céu limpo, vento fraco (inferior a 15 km/h)

Locais Percorridos: Locais Percorridos: Mafra, Boco, Carvalhal, [Sintra] Serra do Lima, Odrinhas, Alfaquiques, Casal da Granja, Nafarros, Colares. .

Concelhos Percorridos: Mafra e Sintra.

Distritos Percorridos: Lisboa

Tipos de Piso Percorridos: asfalto, pedra, terra

Outros Elementos do Grupo: Fernando Carmo, Pedro Roque Oliveira, Rui Sousa, Jorge Cláudio, Pedro Basso, David Portelada, Luis Parreira, Eduardo Oliveira, Luis Borges, Manitou Black, Look, __; ___ .

Distância: 29 Km

Média Quilométrica: 15 Km/h

Tempo Efectivo Deslocação: 1h57'

Cartas Militares n.º(*): 402, 415, 416

3. CHEGADA

Local de Chegada: Colares (Sintra)

Data / Hora de Chegada: 06 Janeiro de 2002, 12h10

4. TRANSMISSÃO DE TESTEMUNHO

Testemunho Transmitido a: José Luz

Em (local): Porta principal da Igreja Matriz de Colares

Data / Hora: 06 Janeiro de 2002, 12h10


5. RELATO DETALHADO DA INCURSÃO (sem limite de linhas, incluir, sempre que possível, relatos de outros estafetistas):

Estafeta V@

Caracterização da Etapa nº 6

Por Fernando Carmo

Calhau! É desta forma sensível e delicada que, os militares de infantaria, se referem ao nosso local de partida, para esta 6ª etapa da Estafeta Velocipedia: o Convento de Mafra, emblemático edifício mandado construir por D. João V no decurso do século XVII, no qual se envolveram cerca de 50.000 trabalhadores, e que só encontra comparação no complexo de S. Lourenço do Escorial, em Espanha.

Mafra será talvez das regiões onde a prática de BTT é mais exigente nas suas diversas vertentes. Os pisos são técnicos e difíceis, as subidas curtas mas íngremes, e as descidas exigem de nós a máxima concentração. É um concelho predominantemente rural, de grande beleza, e no qual, rezam as estatísticas, a qualidade de vida atinge o seu expoente máximo. Sintra... bem Sintra faz jús à sua condição de património mundial da humanidade: charme e romantismo!

Inicialmente prevista para 23 de Dezembro, a etapa havia sido abortada devido às condições atmosféricas que na altura se faziam sentir. Confesso que então, tal aconteceu um pouco contra a minha vontade. Mas afinal, ainda bem que assim foi. O dia apresentou-se agradável, mesmo com uma temperatura elevada para o que se pode esperar de um dia de Janeiro, e o índice de participação foi alargado.

A dureza da etapa antevia-se no material que ia saltando de cima e de dentro das viaturas. Não havia nem uma “full suspension”, prova de que “a coisa” não seria para brincadeiras! Eram 10h00 quando saímos da porta do Calhau! Infelizmente, e apesar de ser Domingo, a hora madrugadora em que saímos impediu que escutássemos o soar dos carrilhões. A primeira dificuldade chega quase de imediato: a transposição da ribeira do Muchalfarro, e a consequente ascensão ao Boco. Curta, mas exigente quer física, quer tecnicamente. Poucos metros no planalto, e nova descida, desta vez exigente sob o ponto de vista técnico, para atingirmos Carvalhal. O Pedro Roque que, pela seu conhecimento da região assumiu o papel de guia, escolheu uma calçada em pedra, bem íngreme e saltitante. Carvalhal, é uma aldeia pequena e curiosa, isolada, envolta por montes em todas as direcções, como se estivéssemos no fundo de um poço. É impossível sair daqui sem ser a subir, e como tal, nada melhor que escolher a encosta mais difícil: a serra do Lima, direito aos moínhos com o mesmo nome que, outrora aproveitavam o vento para moer o cereal. Primeiro em pedra, por vezes solta, por vezes com pequenos degraus, depois em terra, mas com uma pendente bem acentuada, lá tentámos ultrapassar a encosta sem desmontar. Estava ultrapassada a fase mais difícil da sexta etapa. Entrámos numa zona menos acidentada, e à medida que nos deslocávamos para SW, e em que a serra de Sintra ia dominando o horizonte, podíamo-nos aperceber da sua beleza. Estávamos na chamada Várzea de Sintra. Odrinhas e as suas fabulosas ruínas, ilustrativas de três distintas épocas de ocupação, sendo a romana a mais ancestral, fazem-nos recuar no tempo. Provavelmente aquela calçada que descemos, antes de chegar a Carvalhal teve origem na mente e nas mãos de tão engenhoso povo! Que belo mergulho na História.

Passámos Nafarros e Galamares, e pedalámos por asfalto os dois últimos quilómetros antes de atingirmos Colares, onde subimos à Igreja Matriz

Esperávam-nos o Zé Luz, o Miguel Barroso, o João Coutinho e o Fernando Nanocas, a quem me desculpei pelo atraso e entreguei o testemunho, junto à Igreja Matriz local, erigida no século XVI em invocação de N. Srª da Mesiricórdia.

Foi bom estar com ele. Foi bom contribuir com dois elos para este projecto, ímpar no panorama desportivo nacional, e só possível numa modalidade que gera tanta empatia entre aqueles que, dela usufruem. Espero voltar a carregá-lo, lá mais para a frente, com mais elos, por outras terras, com outros ares e outras gentes, mas sempre com aqueles que me queiram oferecer o previlégio da sua companhia.

Acompanharam-me nesta ligação entre terras de Reis, mas não só: __________.

Para informações genéricas sobre a região, consultar:

www.cm-mafra.pt

www.cm-sintra.pt

www.monumentos.pt

JANELA INDISCRETA (por APRO)

ADIAMENTOS

Ainda bem que adiamos a etapa. O dia não poderia ter sido mais perfeito: sol com fartura para que as magníficas paisagens que cruzámos pudessem ser, por todos, devidamente desfrutadas. Depois de uma 5@ fria e ensolarada seguiram-se a 6@ e 7@ com um sol e uma ponta de calor a recordar o Verão que, bem vistas as coisas, até nem tarda assim tanto. Five Stars!

PONTUALIDADE LUSITANA

À boa maneira portuguesa os horários foram atirados às malvas. Assim as 08:20 de Cascais converteram-se, facilmente em 08:45, em parte devido a leves atrasos (éramos 12 em Cascais e 18 em Collares) em parte devido à circunstância de, em Cascais, se pagar o estacionamento aos domingos pelo que tivemos de encontrar um parque gratuito e suficientemente amplo para albergar a comitiva. Quem se tramou foi o FC que foi dando voltas ao "estádio" frente ao convento em Mafra assistindo a todos os detalhes possíveis no quotidiano domingueiro da saloia vila. Chegámos pelas 09:45. O segundo "tramanço" foi o do Zé Luz e do grupo de Collares que esperou, por seu turno 01:45, nada de extraordinário :-)

BRANDOS COSTUMES

Ao acedermos de carro, pela manhã ao Parque de Estacionamento junto ao Pavilhão do Dramático de Cascais (entrada do Jardim do Conde Castro de Guimarães) todos virámos à esquerda num local onde a sinalização vertical o impedia claramente: "que diabo, era domingo de manhã, que mal pode haver?". O problema é que a última das viaturas da comitiva era o carro patrulha cujos ocupantes, segundo parece, terão esboçado um sorriso e ignorado olimpicamente a múltipla manobra transgressora. A PSP apoia o BTT!

VALES INGRATOS

A sequência de três profundos vales (ribeiras de Muchalfarro, Boco e Cheleiros/Lisandro) que dominaram o início da 6@ etapa foi terrível de ser ultrapassada: em primeiro lugar e, ao contrário do clássico "Sintra-Mafra" eles apresentavam-se logo de início ou seja, a frio; por outro lado os pisos são bastante mais favoráveis no sentido Sul-Norte do que no N-S de hoje. Pessoalmente foi a parte mais difícil da incursão. À beira deles a muito dura ascensão, já na 7@, Collares-Capuchos-Monge efectuada com o hardware já à temperatura, pareceu uma brincadeira de rapazes imberbes, não custou mesmo nada bastando só deixar o FC ir à frente e fazer o que ele fazia, embora mais lentamente :-). Destaque para a explendida descida do Boco para o Carvalhal em trialeira.

ENGANOS TRADICIONAIS

Os terrenos da 6@ etapa situados entre os termos de Mafra e de Sintra são muito interessantes de serem percorridos mas a navegação, neles, é algo complicada. A passagem de hoje foi a minha enésima e não há maneira de não me sempre enganar 2 ou 3 vezes... O mais engraçado foi quando o lavrador perplexo na Codiceira viu 13 gabirus de bicicleta e roupas de licra garridas a entrarem equivocados pela sua quinta a dentro, ainda por cima já perto da hora de almoço :-). A melhor técnica consistiu, em caso de dúvida interrogar o LP, e ir pelo caminho oposto ao que ele indicava, nunca falhou! :-)

Por Pedro M. Basso

Depois de em Abril ter feito algo semelhante, mas de Cascais para Mafra, e com etapas pedestres e de BTT, e que demorou um dia a ser cumprida, com cerca de 90 km’s percorridos, estava confiante por achar que conhecia minimamente a zona. Erro crasso, pois não reconheci practicamente nenhum trilho, não me lembro de passar em quase nenhum dos locais onde passámos, e não me lembro de ter apanhado tanta pancada no corpo como ontem, apesar de nem acusar muito o esforço despendido nas duras subidas.

Mas vamos ao que interessa. Alvorada às 6h30, o que no Inverno é sempre mais complicado, com o frio a convidar a um repousante sono. Mas a perspectiva de um Mafra-Colares-Cascais fez com que às 6h35 já estivesse na cozinha a tratar de pequenos almoços e restante alimentação para a jornada que se anunciava dura q.b. Às 8h20 estava pontualmente em Cascais, e foi fácil reconhecer os restantes elementos que ainda não conhecia, pois quem mais estaria na baia de Cascais, às oito e tal da manhã de um Domingo, com um ventinho gelado?? Lá estavam o Eduardo Oliveira, o Luís e logo depois o David e toda a restante comitiva velocipédica.

Atrasos à parte, saímos de Mafra por volta das 10h00, e logo aí ficou patente a dureza que nos esperava, com três descidas a outros tantos vales, e consequente subida pronunciada, cheia de rocha, a exigir muita técnica e alguma sorte. Foi logo nos km’s iniciais, e numa zona em que alguns ciclistas pararam para pensar duas vezes antes de atacar a descida seguinte, que se deu um dos momentos do dia. O David, que foi dos que teve que parar, encaixou o pé direito, tentou descer mas a roda da frente bateu de imediato numa pedra, levando-o a fazer o pino e caindo de costas com a bicla em cima. Ninguém se riu, pois o chão era um mar de rochas, algumas bem salientes, e todos perceberam que podia ser bem grave. Felizmente não, e o David, embora queixando-se de um dos ombros, lá se levantou e fez o resto da etapa sempre com um sorriso de orelha a orelha.

A 6@ propriamente dita não teve muito mais história, pois uma vez alcançado o planalto, foi rolar calmamente até Colares, apreciando as bonitas paisagens que nos rodeavam, para chegarmos com um ligeiro (?!?) atraso... de uma hora e tal... Lá estavam o José Luz, o MB e outros dois ciclistas, para nos acompanharem (e guiarem, no caso do José Luz) até Cascais.

PMB

Data: 26 Novembro 2001

Relator: Fernando Carmo (integração parcial dos textos Janela Indiscreta de Pedro Roque, e da crónica de Pedro Basso)

Um comentário:

Nephilim disse...

Boas,

Já participei em duas etapas desta excelente estafeta, gostava de obter mais informações sobre todas as etapas aonde posso encontrar esta informação?
Sei que foi cumprida a 42ª Etapa mas neste blog apenas tem atá á 6ª etapa.

Obrigado.